Premiê pede que população "não baixe a guarda" para evitar novo lockdown na França
O primeiro-ministro francês, Jean Castex, fez um apelo hoje para que a população não deixe de lado as medidas básicas de proteção contra o coronavírus para que o governo não determine um "novo confinamento geral". Com a propagação da doença se acentuando nas últimas semanas, regiões e municípios vêm reforçando as medidas contra a covid-19.
"O vírus não está de férias", afirmou o premiê em Lille, no norte da França. Castex viajou até a cidade para acompanhar o primeiro dia de obrigatoriedade do uso de máscara em alguns locais públicos exteriores, imposição que tenta barrar a propagação da doença durante um período típico de férias de verão.
"É preciso nos proteger deste vírus, sobretudo sem parar a vida econômica e social, ou seja, evitando a perspectiva de um novo confinamento generalizado", declarou o chefe de governo. "Cada francês, cada francesa, cada pessoa deve permanecer muito vigilante, porque a luta contra o vírus depende, claro, do Estado e das autoridades locais, mas também de cada uma e cada um entre nós", reiterou.
Devido aos novos focos de covid-19 na França, o uso de máscara em locais públicos externos se tornou obrigatório também em 69 municípios do departamento de Mayenne, onde indicadores confirmam "a circulação ativa do vírus". Outras cidades impõem a mesma medida, como Biarritz, Bayonne, Saint-Malo, Le Touquet, Étretat e Orléans.
Em Nice, no sul da França, o prefeito Christian Estrosi anunciou na manhã desta segunda-feira a entrada em vigor da obrigação do uso de máscara em locais de fortes aglomerações, sob o risco de uma multa de 35 euros. O político local fez um apelo para que a região dos Alpes-Marítimos, onde está Nice, estenda a medida a outras localidades, o que aumentaria o valor da multa para 135 euros
Aumento das contaminações entre os jovens
Na semana do 20 ao 26 de julho, 6.407 novos casos de coronavírus foram confirmados na França, contra 4.446 na semana anterior. Segundo as autoridades sanitárias, a quantidade de jovens infectados não para de crescer. "O aumento é forte na faixa etária dos 15 aos 44 anos", afirma a agência Saúde Pública da França em seu relatório epidemiológico de 30 de julho.
No entanto, o número de hospitalizações e de entradas nas UTIs permanece relativamente estável e baixo. O motivo, segundo Jean-Michel Constantin, chefe de reanimação do hospital Pitié-Salpêtrière, em Paris, é que a maioria dos novos infectados é assintomático.
Além disso, boa parte dos jovens contaminados pelo coronavírus desenvolvem sintomas leves da doença. Desde o início da pandemia, apenas 1% dos mortos por covid-19 tinham menos de 44 anos.
A grande preocupação é que esta parcela da população que vem minimizando a gravidade da pandemia contamine pessoas mais velhas ou indivíduos que fazem parte de grupos de risco. Por isso, médicos e cientistas alertam sobre a importância de dialogar com essa parcela da população.
"Não vamos estigmatizá-los, é preciso dizermos para eles respeitarem os mais velhos", afirma, em entrevista à France Info, o infectologista Eric Caumes. O especialista é cético sobre a eficácia de impor mais proibições aos jovens franceses.
A complexa questão preocupa a comunidade médica. "Quanto mais houver contaminações dentro das faixas etárias mais jovens, mais teremos riscos de propagar a doença a grupos de risco ou a pessoas idosas", alerta o clínico-geral Jérôme Marty, presidente do sindicato União Francesa por uma Medicina Livre, em entrevista à rádio RMC.
Ao mesmo tempo, o governo se recusa a falar de segunda onda da doença. Na semana passada, o ministro francês da Saúde, Olivier Verán, afirmou que o país ainda enfrenta as consequências da primeira onda da doença. Segundo ele, a covid-19 avança "mais ou menos silenciosamente, em função das regiões e cidades".
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