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Mais ricos emitem dobro de CO2 em relação a população mais pobre, diz relatório da Oxfam

21/09/2020 12h32

A parte da população mundial que corresponde ao 1% mais rico emite o dobro de gases poluentes em relação à metade mais pobre do planeta. É o que constata um relatório publicado nesta segunda-feira (21) pela Oxfam, que pede "justiça social e climática" nos pacotes de estímulo pós-pandemia.
 

A ONG examinou o período 1990-2015. Em 25 anos, as emissões globais de CO2, responsáveis pelo aquecimento do planeta, aumentaram quase 60%. Nesse período, a média da temperatura subiu 1°C desde a era pré-industrial, .

De acordo com as análises da Oxfam, "o 1% mais rico da população (quase 63 milhões de pessoas) foi responsável por 15% das emissões acumuladas, ou seja, o dobro em comparação à metade mais pobre da população mundial". Já os 10% mais ricos (630 milhões de pessoas) foram responsáveis por 52% das emissões acumuladas de CO2.

"Nos últimos 20 a 30 anos, a crise climática se agravou e o limitado orçamento global de carbono foi dilapidado para intensificar o consumo de uma população rica, não para tirar as pessoas da pobreza", denuncia a Oxfam. 

Segundo a ONG, os grupos que "mais sofrem esta injustiça são os menos responsáveis pela crise climática: os mais pobres e as gerações futuras", diz a organização, que faz um apelo aos governos de todo o mundo para que retifiquem a situação e coloquem a justiça social e a luta contra a mudança climática no centro dos planos de recuperação econômica para depois da pandemia do novo coronavírus.

Modelo econômico poluidor não beneficiou mais pobres

"Está claro que o modelo de crescimento econômico muito desigual e emissor de carbono dos últimos 20 a 30 anos não beneficiou a metade mais pobre da humanidade", declarou Tim Gore, especialista da ONG. "É uma dicotomia sugerir que temos que escolher entre o crescimento econômico e o clima", completou.

 A pandemia de covid-19 inevitavelmente trouxe à tona a necessidade de reconstruir melhor e colocar a economia mundial em um caminho mais justo, mais sustentável e mais resistente", afirma no relatório o ex-secretário-geral da ONU Ban Ki-moon. "O compromisso coletivo deve ter como prioridade reduzir as emissões de CO2 da faixa mais rica da sociedade, que contamina de forma desproporcional", completa.

(Com informações da AFP)