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Eleição de senadores na Geórgia definirá futuro da administração de Joe Biden

4.jan.2021 - O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, aponta para máscara onde se lê a palavra "vote" durante comício em Atlanta, na Geórgia - Jim Watson/AFP
4.jan.2021 - O presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, aponta para máscara onde se lê a palavra "vote" durante comício em Atlanta, na Geórgia Imagem: Jim Watson/AFP

Ligia Hougland

Correspondente da RFI em Washington

05/01/2021 05h54

Os eleitores da Geórgia votam hoje no segundo turno da disputa por dois assentos no Senado Federal dos Estados Unidos. Se os dois candidatos democratas, Jon Ossoff e Raphael Warnock, derrotarem os atuais senadores republicanos David Perdue e Kelly Loeffler, o Congresso ficará sob maioria democrata, abrindo caminho à aplicação sem entraves do programa de Joe Biden. O presidente eleito e Donald Trump fizeram comícios no estado na véspera desta votação crucial.

Esse "estado único pode mudar a trajetória não só pelos próximos quatro anos, mas pela próxima geração", disse Biden durante o comício em Atlanta. Uma perspectiva que preocupa profundamente os republicanos, que agitaram o espectro de um governo "radical" e "socialista" até as últimas horas de campanha.

Biden apelou para o bolso dos eleitores, garantindo que, se Jon Ossof e Raphael Warnock fossem eleitos, cheques de US$ 2 mil logo estariam nas mãos dos americanos que têm sofrido com a pandemia. Segundo Biden, o estímulo seria finalmente aprovado, depois do líder republicano Mitch McConnell se negar a colocar o projeto de lei para votação no Senado.

Mais tarde, milhares de eleitores foram ao comício de Trump, na cidade de Dalton. Apesar de o evento visar a reeleição dos atuais senadores republicanos David Perdue e Kelly Loeffler, o presidente americano dedicou grande parte do comício a alegações de fraude eleitoral, além de afirmar que importantes desdobramentos relacionados à eleição presidencial de novembro viriam à tona nas próximas duas semanas.

Trump provoca risadas de seus partidários

Para Trump, que está com o orgulho ferido depois de ter perdido a eleição presidencial para o candidato que sequer teve o apoio dos eleitores nas primárias do próprio Partido Democrata, é especialmente importante que os atuais senadores republicanos sejam reeleitos. Não apenas para evitar um novo golpe no seu ego, como também para garantir que seu legado não seja rapidamente eliminado por um domínio democrata em Washington.

Apesar de não ter tido sucesso nas ações judiciais que buscavam provar fraude eleitoral, Trump estava em plena forma no evento de ontem. Ele arrancou risadas da plateia ao se referir à vilã preferida dos republicanos.

"A pessoa mais triste nesta noite nos Estados Unidos é Hillary Clinton. Ela pergunta: 'Por que vocês não fizeram isso por mim?', disse Trump ao afirmar que a eleição de Biden se devia ao fato de o Partido Democrata ter cometido fraude, mesmo sem apresentar provas de suas denúncias.

Na eleição de 3 novembro, Biden ganhou com uma vantagem de 11 mil votos na Geórgia, um estado que, até então, sempre favorecia candidatos republicanos.

Democratas podem ter liderança no Senado

Cerca de 3 milhões de eleitores já votaram no segundo turno da disputa pelo Senado que será finalmente concluída nesta terça-feira. Basta um dos candidatos republicanos conseguir se reeleger para que o partido mantenha a liderança no Senado, com 51 assentos, contra 49 dos democratas. Mas, se os dois democratas saírem vitoriosos e garantirem 50 assentos, Kamala Harris, a vice-presidente eleita, terá o voto decisivo em caso de empate nas decisões da Casa.

Segundo as pesquisas de intenção de voto, tudo pode acontecer nesta disputa praticamente empatada entre liberais e conservadores e o resultado pode ter consequências profundas para a sociedade americana.