Presidente do Parlamento russo reage após Biden concordar que Putin 'é um assassino'
O presidente americano, Joe Biden, disse que concorda com a afirmação de que o líder russo, Vladimir Putin, é um "assassino". O democrata compartilhou esta opinião durante a entrevista que concedeu na noite de terça-feira (16) à emissora ABC News. Biden advertiu ainda que Putin "pagará as consequências" por ter tentado, supostamente, minar sua candidatura nas eleições de 2020.
As declarações de Joe Biden provocaram indignação imediata de Moscou e marcam uma grande mudança em relação à firme recusa de seu predecessor, Donald Trump, de dizer algo negativo sobre Putin. Questionado pelo jornalista da ABC se achava que o presidente russo "é um assassino", Biden respondeu: "Sim, acho".
O democrata disse que falou com o presidente russo em janeiro, depois de tomar posse. "Tivemos uma longa conversa, eu e ele. Eu o conheço relativamente bem", contou Biden, que foi vice-presidente de Barack Obama (2009-2017). "Eu disse a ele: 'conheço você e você me conhece. Se ficar confirmado que isso aconteceu, se prepare'", relatou o político americano.
Biden não especificou se estava se referindo à interferência da Rússia nas eleições americanas, ou a outros comportamentos questionados pelos Estados Unidos, como o envenenamento e a prisão do opositor russo Alexei Navalny.
O presidente da Câmara Baixa do Parlamento russo, Viatcheslav Volodin, reagiu em sua conta no aplicativo Telegram, afirmando que a declaração é um "ataque" à Rússia. "É a histeria decorrente da impotência. Putin é nosso presidente, e um ataque contra ele é um ataque contra o nosso país", escreveu o influente Volodin, um político próximo de Putin que foi número 2 da administração presidencial russa entre 2011 e 2016. "Biden insultou os cidadãos do nosso país com sua declaração", completou. Por enquanto, esta foi a primeira reação de um alto funcionário russo às declarações do democrata.
Guinada contra Moscou
Desde sua chegada à Casa Branca em janeiro, Biden tem demonstrado grande firmeza em relação ao Kremlin. No início de março, Washington aplicou sanções a sete funcionários de alto escalão do governo russo, em resposta ao envenenamento de Navalny. Os serviços de Inteligência americanos atribuem a responsabilidade a Moscou.
A Inteligência americana também investiga vários outros incidentes que os Estados Unidos suspeitam ter participação direta da Rússia, incluindo um recente ataque cibernético gigantesco e o pagamento de recompensas a membros dos talibãs para matar soldados americanos no Afeganistão.
Em um novo relatório, as autoridades americanas também acusaram "atores ligados ao governo russo" de nova interferência eleitoral em 2020, depois daquelas de 2016.
Na entrevista, porém, Biden reafirmou que deseja poder "trabalhar" com os russos "quando for do nosso interesse comum", como a prorrogação do acordo de desarmamento nuclear New Start decidido pouco depois de chegar ao poder.
A Rússia também denunciou nesta quarta as acusações de interferência eleitoral. Este relatório "é incorreto, completamente infundado e sem evidências", declarou à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "A Rússia não interferiu nas eleições anteriores" de 2016 que resultaram na vitória de Donald Trump "e não interferiu nas eleições de 2020", vencidas por Joe Biden, garantiu. Segundo Peskov, este relatório é um "pretexto para colocar de volta na ordem do dia a questão das novas sanções" contra a Rússia.
Com informações da AFP
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