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Documentos mostram que soviéticos tentaram esconder explosão de Chernobyl há 35 anos

Zona de Exclusão, Chernobyl  - Zheka-Boss/Getty Images/iStockphoto
Zona de Exclusão, Chernobyl Imagem: Zheka-Boss/Getty Images/iStockphoto

26/04/2021 14h07Atualizada em 27/04/2021 12h46

A Ucrânia lembrou nesta segunda-feira (26) os 35 anos da catástrofe da usina de Chernobyl. O pior acidente nuclear da história contaminou uma parte da Europa e provocou o deslocamento de 346 mil pessoas.

"A explosão na central de Chernobyl e suas consequências transformaram o mundo", declarou o presidente Volodimir Zelensky, em visita à zona de exclusão que abrange 30 quilômetros no entorno do reator acidentado.

Ele pediu a colaboração da comunidade internacional. "Nossa tarefa é transformar a área de exclusão em uma área de renascimento e fazer todo o possível para reforçar a segurança nuclear" com o objetivo de "evitar catástrofes semelhantes no futuro", acrescentou o chefe de Estado.

Em 26 de abril de 1986, à 1h23min, o reator número 4 da central de Chernobyl, situado a 100 quilômetros de Kiev, explodiu durante um teste de segurança. O combustível nuclear queimou durante 10 dias, liberando na atmosfera elementos radioativos que contaminaram, de acordo com algumas estimativas, até 75% da Europa, especialmente as então repúblicas soviéticas da Ucrânia, Belarus e Rússia.

URSS tentou esconder a tragédia

As autoridades soviéticas tentaram esconder o acidente. O líder da URSS à época, Mikhail Gorbachev, não falou publicamente sobre o caso até o dia 14 de maio.

Documentos de arquivo publicados nesta segunda-feira pelo Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) afirmam que em 1982 e 1984 houve ao menos três falhas na usina de Chernobyl. Porém, as autoridades soviéticas mantiveram segredo sobre o que aconteceu.

A central de Chernobyl e as de Leningrado e Kursk (Rússia), todas com o mesmo tipo de reator, "são as mais perigosas em relação ao seu funcionamento, o que pode gerar consequências ameaçadoras", dizia um documento da KGB, datado de 1983.

Um total de 116 mil pessoas foram retiradas, em 1986, dos arredores da central, que permanecem praticamente inabitados. Nos anos seguintes, outros 230 mil moradores deixaram a zona.

Número de vítimas ainda gera debate

Até hoje, o balanço de vítimas do acidente de Chernobyl causa polêmica, mas ele chegaria a até 100 mil mortos, de acordo com o Greenpeace. O comitê científico da ONU (Unscear) reconhece oficialmente apenas 30 mortes entre os operários e bombeiros que foram vítimas da radiação após a explosão.

A central de Chernobyl manteve a produção de energia elétrica até dezembro de 2000, quando a pressão dos países ocidentais resultou na paralisação do último reator em operação.

Após anos de adiamento, no fim de 2016, foi instalada uma gigantesca cúpula de aço sobre o reator danificado. O escudo em forma de arco pesa 25.000 toneladas, tem 108 metros de altura e 162 metros de comprimento. Com um custo de US$ 2,1 bilhões financiados pela comunidade internacional, a estrutura cobriu o concreto rachado e instável, o que deve garantir a segurança do local pelos próximos 100 anos.

Embora as autoridades afirmem que a região não poderá ser habitada de forma segura por pelo menos 24.000 anos, o local atrai cada vez mais turistas, e Kiev deseja incluí-lo na lista de Patrimônio Mundial da Unesco.

A quase total ausência de atividades humanas na área permitiu a proliferação da flora e da fauna. Hoje, linces, águias de cauda branca e até ursos, além de centenas de alces e dezenas de lobos, podem ser vistos no local.

(Com informações da AFP)

Errata: este conteúdo foi atualizado
O escudo em forma de arco tem 162 metros de comprimento,e não 1,62 metro, como foi informado anteriormente. O texto foi corrigido.
Diferente do informado anteriormente no título da reportagem e no quinto parágrafo, a União Soviética tentou esconder explosão de Chernobyl há 35 anos, e não a Rússia. O erro foi corrigido.