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Emmanuel Macron, o grande ausente da Assembleia Geral da ONU

O presidente da França, Emmanuel Macron, fala durante uma entrevista coletiva sobre a videoconferência do 22º Conselho Ministerial Franco-Alemão no palácio presidencial do Elysee, em Paris, França - Thomas Samson/Reuters
O presidente da França, Emmanuel Macron, fala durante uma entrevista coletiva sobre a videoconferência do 22º Conselho Ministerial Franco-Alemão no palácio presidencial do Elysee, em Paris, França Imagem: Thomas Samson/Reuters

Carrie Nooten

Correspondente da RFI em Nova York

21/09/2021 11h07Atualizada em 21/09/2021 12h23

Ele havia indicado que enviaria um discurso gravado, mas decidiu enviar seu ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, a Nova York, provocando surpresa geral. A última vez que um presidente francês não esteve presente na abertura da Assembleia Geral da ONU foi em 2005, há 17 anos, quando o então presidente francês, Jacques Chirac, estava se recuperando de um AVC. Na época, o primeiro-ministro Dominique de Villepin representou a França.

O Quai d'Orsay (ministério das Relações Exteriores) e o Élysée (sede presidencial) garantem que a ausência de Emmanuel Macron não é de forma alguma uma consequência da crise dos submarinos - a Austrália anulou na semana passada o chamado "contrato do século", que previa a compra de submarinos convencionais franceses, optando por modelos americanos com propulsão nuclear e participação numa tríplice aliança que inclui o Reino Unido, com o objetivo de fazer frente à China na região dos oceanos Índico e Pacífico.

A explicação oficial é de que a agenda do presidente francês está sobrecarregada de atividades e eventos.

Em Nova York, muitos se perguntam onde está o presidente francês, campeão do multilateralismo, em meio a uma crise geopolítica em plena evolução. Além disso, os primeiros-ministros britânico e australiano Boris Johnson e Scott Morrisson vêm obtendo bastante exposição mediática em Nova York.

Desperdiçando atenção mundial

Outros críticos finalmente consideram uma pena deixar os holofotes para os Estados Unidos e para a China. Daqui a pouco, todos se voltarão às palavras de Joe Biden e Xi Jinping. Emmanuel Macron poderia ter aproveitado a chance de se mostrar como uma terceira via. Ao invés de a França ter uma vitrine privilegiada para o mundo, ela será representada pelo ministro Le Drian, que terá a palavra durante as discussões no próximo final de semana.

O presidente do Conselho da União Europeia, Charles Michel, acusou nesta segunda-feira (20) os Estados Unidos de falta de lealdade."Os princípios mais elementares para os aliados são transparência e confiança e estes andam juntos. Estamos vendo uma clara falta de transparência e lealdade", disse Michel à imprensa em Nova York.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse que o governo americano e o francês estão em contato para organizar a conversa, por telefone, que o presidente Joe Biden pediu a Emmannuel Macron. Segundo Psaki, Biden aproveitará para lembrar o "compromisso com um dos nossos parceiros mais antigos e próximos sobre uma série de desafios que são enfrentados pela comunidade internacional."

*Com informações da AFP