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"Tsunami de pó branco": França apreende mais de 20 toneladas de cocaína em 2021

27/12/2021 14h59

No último dia 22 de dezembro, mais de uma tonelada de cocaína colombiana foi apreendida no porto do Havre, cidade do noroeste da França. No início do mês, outra apreensão no mesmo porto identificou 1,5 toneladas da droga, desta vez vindas do Panamá. Com isso, foram mais de 20 toneladas de cocaína confiscadas pela polícia na França em 2021.

Com informações de Florent Guignard, da RFI.

"Um tsunami de pó branco que atinge a Europa também afeta a França." Esta foi a descrição feita pelo procurador Antoine Berthelot, durante um processo contra traficantes presos na região por transporte da droga pelo porto.

Os portos do Havre e de Dunquerque (norte) servem de opção para os traficantes quando o tráfego nos portos da Antuérpia (Bélgica), Roterdã (Holanda) ou Hamburgo (Alemanha) estão sobrecarregados.

No ano de 2021, este parece ter sido o caso, considerado o aumento de apreensões em solo francês. Em 2020, de acordo com informações do jornal Figaro, as autoridades francesas apreenderam 13,1 toneladas de cocaína. Nos primeiros dez meses de 2021, o balanço já ultrapassava as 18 toneladas.

Os principais países de origem são Colômbia, Equador e Brasil, conforme o último relatório do UNODC (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime). Dos portos franceses, o pó branco vai para a Bélgica e para a Holanda, países onde estão localizadas grandes cadeias ilegais de redistribuição. Contudo, parte fica na França, que concentra 600 mil usuários frequentes da droga.

"A cocaína é a droga cuja consumo mais aumenta na França nos últimos 15 anos. Mas a difusão do uso da cocaína acontece em toda a Europa", afirma Marie Jauffret-Roustide, socióloga especialista em vícios do instituto francês de pesquisas médicas Inserm.

De acordo com a socióloga, na França 1.6% da população assume ter usado cocaína nos últimos 12 meses. A proporção é de 2,7% na população no Reino Unido, 2,6% na Espanha e 2,3% na Holanda.

Droga da performance

Por muito tempo, o consumo de cocaína estava ligado a festas e aos hábitos de uma população jovem na Europa. Marie Jauffret-Roustide diz que isso ainda acontece, mas houve uma banalização da droga, que agora atinge novos grupos da sociedade.

"O que vimos aumentar nos últimos anos é o consumo mais banal da droga, por exemplo, para suportar longas jornadas de trabalho. É uma droga da performance que é consumida no ambiente de trabalho."

Ela destaca ainda o fato que esta droga, que antes era relacionada às elites por seu preço, tornou-se mais barata e agora é amplamente consumida entre as classes populares.

"Nesse 1,6% da população que consome de maneira habitual têm pessoas de todas as categorias sociais, com essa ideia de performance, seja para aguentar as festas ou o trabalho".