Países ricos desperdiçaram 240 milhões de doses de vacina contra covid-19
Desde que as primeiras doses de vacina contra Covid-19 começaram a ser injetadas no Reino Unido, os países ricos desperdiçaram mais de 240 milhões de imunizantes, com doses que passaram da validade sem serem aplicadas. A estimativa foi feita pela empresa de análise de dados sanitários Airfinity e leva em conta apenas os estoques públicos de países ricos.
O escândalo foi publicado na manhã nesta quarta-feira (30) no site do jornal francês Le Monde, que faz parte do projeto de jornalismo colaborativo #followthedoses (siga as doses, em tradução).
Entre as doses desperdiçadas, a maioria eram vacinas de RNA da Pfizer (73%), o tipo mais utilizado nos países da Europa e da América do Norte. Na sequência, 18% das vacinas jogadas no lixo foram produzidas pela Astrazeneca.
Até o momento, 35% da população mundial ainda não recebeu nenhum imunizante que proteja contra o coronavírus. Nos países mais pobres, concentrados na África, a taxa de cobertura não chega aos 15% da população, segundo dados compilados pela página Our World in Data.
A investigação só conseguiu rastrear a perda em países ricos devido à disponibilidade de informação sobre os estoques. Contudo, a porta-voz da Airfinity, Sarah Harper, disse ao diário francês que o número de doses de vacinas desperdiçados no restante do mundo pode ser ainda mais alto, ampliando esse escândalo sanitário.
Doação à beira da expiração
Essa perda também em nações mais pobres pode ser reflexo da má distribuição dos imunizantes. Diversos países onde sobravam doses fizeram doações apressadas à iniciativa internacional Covax, organizada pela OMS, pouco antes da expiração das vacinas.
Apenas em dezembro de 2021, cerca de 100 milhões de doses cedidas à Covax foram recusadas pelos países beneficiários devido ao pouco tempo restante para sua expiração.
Um exemplo dessa perda foi revelado pelo jornal Le Monde na Nigéria, que recebeu em outubro 2,6 milhões de doses que deveriam ser aplicadas com prazos que iam de quatro a sete semanas a partir da entrega.
A agência sanitária do país africano deu início ao processo de validação dos imunizantes, que leva cerca de três semanas, e apenas 1,5 milhão de doses foram efetivamente aplicadas. Mais de um milhão de doses foram descartadas em um aterro sanitário em dezembro no país, tem menos de 5% de sua população vacinada.
Ao longo dos últimos dois anos, a pandemia de Covid matou mais de 6 milhões de pessoas pelo mundo.
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