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Depois de ataque nos EUA, Canadá quer proibir venda de armas

Justin Trudeau, primeiro-ministro canadense - Dave Chan / AFP
Justin Trudeau, primeiro-ministro canadense Imagem: Dave Chan / AFP

31/05/2022 11h12

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou nesta segunda-feira (30) um projeto de "congelamento nacional de posse de armas portáteis", como revólveres. O anúncio foi feito dias após os ataques à escola de Uvalde, nos Estados Unidos. O Canadá já havia endurecido as leis para venda de armas após um massacre no país em 2020.

"Nós introduzimos uma legislação para aplicar o congelamento nacional de posse de armas portáteis", declarou Trudeau durante uma coletiva em presença de dezenas de pessoas próximas de vítimas de armas de fogo. "Isso significa que não será mais possível comprar, vender, transferir ou importar armas portáteis onde quer que seja no Canadá", acrescentou.

O governo canadense já havia proibido 1,5 mil modelos de armas de fogo do tipo militar, como fuzis, após o pior ataque da história do país, que deixou 23 mortos na Nova Escócia, no leste do Canadá, em abril de 2020.

O ministro da Segurança Pública, Marco Mandicino, acredita que quase 1 milhão de armas portáteis circulam no país, muitas delas importadas ilegalmente dos Estados Unidos.

"A violência com armas de fogo é um problema complexo", declarou Trudeau. "Mas no final das contas, o cálculo é, na realidade, muito simples: quanto menos armas de fogo teremos em nossas comunidades, mais estaremos em segurança", afirmou.

O anúncio foi feito menos de uma semana após o massacre da escola de Uvalde, no Texas, em que morreram 19 crianças, de 9 e 11 anos de idade, e dois professores. O atirador era um jovem de 18 anos que comprou legalmente uma metralhadora.

Endurecer as penas contra o tráfico de armas

O projeto de Trudeau prevê também impedir qualquer pessoa envolvida em violências domésticas de obter uma licença para porte de arma, além de endurecer as penas por tráfico de armas e proibir carregadores de espingardas com mais de cinco balas.

A Coalizão pelo Controle de Armas, fundada após a morte de 14 mulheres na Universidade de Montreal, em 1989, celebrou o projeto. "A proposta de supressão progressiva da posse privada de armas portáteis é um progresso importante e mostra que o governo escutou a voz das vítimas", declarou a presidente da organização, Wendy Cukier, em um comunicado.

O pacote de leis do primeiro-ministro foi criticado pela oposição conservadora.

"O verdadeiro problema neste país não são os proprietários de armas de fogo que respeitam a lei, que estão rigorosamente enquadrados e controlados", declarou à Rádio Canadá John Brassard, líder da oposição na Câmara dos Comuns.