"Sabor de despedida": Britânicos fecham comemorações dos 70 anos de reinado de Elizabeth II
Um grande desfile em Londres e dezenas de milhares de "piqueniques patrióticos entre vizinhos" encerram neste domingo (5) as comemorações dos 70 anos de reinado da rainha Elizabeth II, em grande parte ausente devido à fragilidade de sua saúde, aos 96 anos. Muitos dos participantes das festividades tinham consciência da dimensão histórica do momento. Nunca um monarca britânico reinou por tanto tempo e é improvável que esse recorde de 70 anos seja quebrado no futuro.
Após duas breves aparições na varanda do Palácio de Buckingham na quinta-feira (2), a monarca de 96 anos não participou das grandes celebrações de seu jubileu de platina.
Ela não compareceu ao serviço religioso na sexta-feira (3), nem às suas amadas corridas de cavalos no sábado (4), e nem mesmo ao mega show em frente ao seu palácio, além de não ter falado publicamente.
Elizabeth II deixou seus herdeiros, Charles, de 73 anos, William, prestes a completar 40, além do pequeno George, oito, em primeiro plano, confirmando sua retirada gradual nos últimos meses, e a impressão que muitos participantes tiveram das comemorações do fim de uma era, após um reinado sem precedentes que começou em 6 de fevereiro de 1952 em um Reino Unido que ainda era um império colonial, e em recuperação do pós-guerra.
O Palácio de Buckingham não especificou se Elizabeth II fará uma última aparição neste domingo, durante o desfile que reunirá soldados, dançarinos, marionetistas e artistas, que terminará em frente ao palácio no final da tarde.
O evento porá fim aos quatro dias de celebrações, um parêntese para os britânicos em um momento de inflação descontrolada e escândalos políticos, com uma moção de desconfiança cada vez mais iminente contra o primeiro-ministro Boris Johnson.
A carruagem dourada de 260 anos usada para casamentos reais e coroações abrirá o desfile que celebrará "a rainha e o país" com um desfile militar e depois "os melhores momentos de nossas vidas" (70 anos de moda, música e cultura), com uma ilustração da "vida da rainha" em 12 capítulos, antes de um final musical.
O cantor Ed Sheeran deve interpretar sua famosa balada "Perfect" em homenagem à rainha e ao príncipe Philip, seu marido que faleceu no ano passado.
"Inevitavelmente, essas comemorações tiveram um sabor de despedida", comentou o colunista Tony Parsons no tablóide The Sun.
"Nunca veremos um monarca assim novamente"
"Houve uma alegria genuína nos últimos dias. Mas também há uma forte consciência de que nunca veremos um monarca assim novamente".
O Observer, um jornal britânico de esquerda, considerou que este jubileu fez parte "de uma longa despedida que começou com a presença solitária da rainha no funeral do (marido) príncipe Philip no ano passado".
A transição da Coroa britânica parece estar em pleno andamento e, embora a rainha não tenha intenção de abdicar, fiel à sua promessa em 1947 de servir seus súditos por toda a vida, ela prepara seus súditos para o que vem a seguir. Seu herdeiro, Charles, a representa cada vez mais.
A sucessão promete ser delicada: Charles é muito menos popular que sua mãe, com 50% de opiniões favoráveis contra 75%. Apenas 32% dos britânicos acham que ele será um bom rei (YouGov, abril de 2022).
E a monarquia se viu desafiada sobre o passado escravocrata do Império Britânico durante as recentes viagens de membros da família real, provocando dúvidas sobre o futuro dessa instituição.
(Com informações da AFP)
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