Tales: Bolsonaro pensava em dar golpe desde início e tinha planos A, B e C
Jair Bolsonaro não só tinha em mente aplicar um golpe de Estado desde quando assumiu a Presidência da República como preparou planos A, B e C para afrontar a democracia, disse o colunista Tales Faria no UOL News desta quarta (27).
Em seu relatório final, no qual indiciou Bolsonaro por seu envolvimento na trama golpista, a PF aponta que os discursos favoráveis a um golpe de Estado começaram a ser inflamados em 2019 e cita o recente atentado a bomba no STF (Supremo Tribunal Federal) para concluir que a retórica golpista continua "latente" na sociedade brasileira.
A PF está mostrando que Bolsonaro planeja dar um golpe desde o início do governo. Vale lembrar que, em 1999, naquela entrevista na qual disse ser a favor de uma guerra civil, o repórter lhe perguntou se seria favorável a um golpe de Estado. Ele disse que 'daria o golpe no primeiro dia'.
Bolsonaro não deu [o golpe de Estado] no primeiro dia porque não havia condições para isso, mas começou a prepará-lo. É isso o que a PF mostra. A partir do primeiro instante em que assumiu, tudo o que Bolsonaro fez foi nessa direção.
Primeiro foi a montagem do tal 'gabinete do ódio', que instaurou a política do ódio. Ela é muito importante por disseminar a possibilidade da violência, das armas, das mentiras e das fake news. Esse 'gabinete do ódio' é a grande herança que Bolsonaro deixou para o país. Tales Faria, colunista do UOL
Tales destacou que o relatório da PF traça de forma clara todas as ligações entre Bolsonaro e as opções para aplicar um golpe de Estado.
É muito importante essa linha do tempo mostrar que, desde o primeiro momento, Bolsonaro vem estimulando isso. O bordão que ele preparou para esse golpe era o das urnas fraudadas. Isso justificaria atacar o Supremo e depois dar o golpe. Fica evidente nesse relatório da PF que havia um plano A, um B e um C.
O plano A era tentar ganhar as eleições com discurso de ódio, fake news, gabinete do ódio e botar o povo na rua. Não ganharam e foram para o plano B, que era a tentativa de golpe detalhada pela PF. Não deu certo e foram para o plano C, com a viagem de Bolsonaro [aos EUA], o povo na rua para o golpe e a volta dele nos braços do povo. Também não deu certo.
A PF trouxe essa linha do tempo, que concatena tudo. O papel do general Braga Netto é terrível. Ele fica muito mal. Tales Faria, colunista do UOL
Josias: PF mostra que Bolsonaro governou em estado permanente de golpismo
O relatório final da Polícia Federal que indiciou Jair Bolsonaro revela que o golpismo permeou todo o período de governo do ex-presidente, afirmou o colunista Josias de Souza.
O relatório da PF deixa muito nítido e com evidências fartas que Bolsonaro presidiu um governo em estado permanente de golpismo. Desde que tomou posse, ele já vinha contestando o resultado das urnas, até mesmo as que lhe deram a vitória em 2018.
Ele fez dessa contestação do sistema eleitoral uma prática cotidiana. Isso foi levado às redes sociais por uma milícia digital. As afrontas do presidente às instituições se mantiveram ao longo de todo o governo do Bolsonaro, com ameaças dele ao Judiciário e questionamentos muito vigorosos a decisões judiciais.
Desde 2021, ele já estava antevendo a fabricação de um apocalipse, que poderia levar a uma ruptura institucional. Ao mesmo tempo, ele desafiava a democracia e se preparava para a fuga. Isso foi evoluindo até chegar a 2022, quando foi efetivamente derrotado. Aí, o plano de golpe, que era por assim dizer envergonhado, tornou-se escancarado. Josias de Souza, colunista do UOL
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