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Atentado no Bataclan: justiça francesa pede prisão perpétua para único acusado vivo

Bataclan - Getty Images
Bataclan Imagem: Getty Images

10/06/2022 14h10

Após meses de processo, a justiça francesa pediu nesta sexta-feira (10) prisão perpétua para Salah Abdeslam, o único membro ainda vivo do grupo acusado de ter perpetrado os atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris e arredores. Essa é a pena mais pesada do código penal na França.

A Promotoria nacional antiterrorismo (Pnat) alegou que essa punição, raramente aplicada na França, é merecida pois desde o início do processo, em setembro de 2021, o acusado não demonstrou nenhum tipo de arrependimento por seus atos.

Vinte pessoas estão sendo julgadas, quase todas acusadas de cumplicidade e envolvimento indireto na organização dos ataques.

Mas Salah Abdeslam, 32 anos, é o único integrante ainda vivo do comando jihadista que deixou 130 mortos e centenas de feridos em Paris e Saint-Denis. Ele deveria ter participado diretamente dos ataques mas, depois de ter deixado alguns dos terroristas no Stade de France, nas imediações da capital, pouco antes do atentado, ele acabou abandonando seu cinto de explosivos e fugiu.

Após meses em silêncio, Abdeslam passou a alegar ser alvo de calúnias e não ser diretamente responsável pela morte de nenhuma vítima. No entanto, não se mostrou arrependido de ter participado do projeto terrorista e não negou sua proximidade e admiração pelo grupo Estado Islâmico.

"Eu apoio o grupo Estado Islâmico e os amo, porque eles estão presentes no cotidiano, combatem, e se sacrificam", chegou a declarar o acusado em um de seus depoimentos, chocando os familiares das vítimas.

Durante três dias de testemunho, em abril, o réu sustentou a versão de que iria se explodir em um bar do 18º distrito de Paris, mas que teria "desistido" da ação ao chegar ao local e ver muitos jovens que se pareciam com ele e se divertiam. "Você se arrepende de não ter tido coragem de ir até o fim?", perguntou Olivia Ronen, uma de suas advogadas. "Não me arrependo, não matei aquelas pessoas e não morri", respondeu.

"Me perdoem"

No terceiro dia de seu interrogatório, ele chegou a pedir perdão. "Quero apresentar minhas condolências e minhas desculpas a todas as vítimas", declarou o francês com lágrimas no rosto. "Sei que o ódio permanece, mas peço hoje que me detestem com moderação. Peço que me perdoem", insistiu na época.

A Corte não é obrigada a acatar o pedido de pena apresentado pela Procuradoria. Mas se a prisão perpétua for decretada, Abdeslam não poderá pedir nenhum tipo de abrandamento antes de 30 anos passados na prisão. A decisão final é esperada para 29 de junho.

A prisão perpétua foi instaurada na França em 1994, após o caso de um estupro de menor cometido por um homem que já havia sido condenado por crimes sexuais. Desde então, essa pena foi aplicada quatro vezes no país.