Maior ataque aéreo da Rússia mata 39, e Ucrânia decreta dia de luto
A Ucrânia continua a contar suas vítimas neste sábado (30), após intensos ataques realizados pela Rússia ontem em diversas cidades, incluindo a capital Kiev. Segundo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, ao menos 39 pessoas foram mortas.
"No total, 159 pessoas ficaram feridas" e "39 morreram até agora", escreveu o presidente nas redes sociais, oferecendo suas "condolências" às famílias.
.A onda de ataques, uma mais violentas desde o início da guerra, há quase dois anos, teve como alvo edifícios, uma maternidade, um centro comercial, mas também prédios industriais e militares.
Desde do início da guerra, "este foi o ataque de mísseis mais massivo", informou o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuri Ignat.
A administração de Kiev anunciou que pelo menos 16 pessoas foram mortas no dia anterior na capital, onde os ataques mortais se tornaram mais raros nos últimos meses.
Este ataque foi "o mais significativo em termos de vítimas civis", declarou o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, neste sábado, decretando um "dia de luto" em 1º de janeiro.
"Todos os tipos de armas"
O presidente Volodymyr Zelensky garantiu que a Rússia "utilizou quase todos os tipos de armas do seu arsenal". De acordo com o Estado-Maior ucraniano, Moscou disparou cerca de 160 dispositivos, incluindo mísseis de cruzeiro e drones explosivos Shahed. A defesa antiaérea conseguiu abater 88 mísseis e 27 drones.
Por outro lado, um ataque ucraniano a um edifício residencial em Belgorod, cidade russa localizada 80 km a norte de Kharkiv, matou duas crianças e deixou outras pessoas feridas, informou o governador local, Vyacheslav Gladkov, no Telegram.
Um total de 13 mísseis ucranianos foram interceptados sobre a região de Belgorod e 32 drones neutralizados nos setores de Bryansk, Kursk e Orel, ao norte da fronteira com a Ucrânia, bem como em Moscou, de acordo com o Ministério da Defesa russo.
"Violação" do espaço aéreo
A Polônia, país membro da Otan, denunciou na sexta-feira uma "violação" do seu espaço aéreo "por um míssil de cruzeiro", apelando à Rússia para "cessar imediatamente este tipo de operação".
Em novembro de 2022, um míssil ucraniano caiu sobre a aldeia polaca de Przewodow, perto da Ucrânia, matando dois civis e suscitando brevemente receios de uma ampliação do conflito.
Chamada ao Congresso
Os ataques provocaram fortes condenações internacionais, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciando o que ele chamou de "ataques inaceitáveis".
Newsletter
DE OLHO NO MUNDO
Os principais acontecimentos internacionais e uma curadoria do melhor da imprensa mundial, de segunda a sexta no seu email.
Quero receberI condemn in the strongest terms the overnight large-scale missile & drone attack by Russia on Ukrainian cities & towns across the country.
? António Guterres (@antonioguterres) December 29, 2023
Attacks against civilians & civilian infrastructure violate international humanitarian law, are unacceptable & must end immediately. pic.twitter.com/bExO0Rti9H
Os ataques encerram um ano difícil para a Ucrânia, marcado pelo fracasso da sua contraofensiva e pela retomada da iniciativa das forças de Moscou, que esta semana reivindicaram a captura da cidade de Marinka, na frente oriental.
Esta notícia é ainda mais preocupante para Kiev, uma vez que a ajuda ocidental começa a perder força, tanto na Europa como nos Estados Unidos, aumentando o risco de uma escassez no fluxo de munições e fundos.
"O mundo deve perceber que precisamos de mais ajuda e meios para acabar com este terror", argumentou Andriï Iermak, chefe de gabinete de Zelensky, no Telegram. Um comentário ecoado pelo presidente americano, Joe Biden, que apelou ao Congresso, que atualmente se recusa a atribuir mais dinheiro a Kiev, para "agir sem mais demora" após estes "bombardeios massivos".
Volodymyr Zelensky voltou a apelar esta quinta-feira (28) aos Estados Unidos para que mantenham sua assistência "essencial", após a disponibilização de uma nova parcela de US$ 250 milhões, a última sem nova votação no Congresso americano.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, vetou um novo pacote de ajuda da UE, um problema que os europeus esperam resolver numa cúpula no início de fevereiro de 2024.
(Com informações da AFP)
Deixe seu comentário