Mulheres em Gaza são vítimas de estupros e torturas, denuncia relatora da ONU
De acordo com informações recebidas pela ONU, mulheres e meninas palestinas foram executadas em Gaza, muitas vezes com familiares, incluindo filhos. Relatores da organização expressaram grande preocupação com a detenção arbitrária de centenas de defensoras dos direitos humanos, jornalistas e trabalhadoras humanitárias em Gaza e na Cisjordânia desde o início do conflito, em 7 de outubro, após os ataques terroristas do Hamas em Israel.
Em entrevista à RFI, a relatora especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, , conta que a situação "é muito violenta, sob todos os pontos de vista".
"Recebemos queixas direta ou indiretamente, ou seja, também através de advogados que trabalham na área dos direitos humanos na Palestina, relacionadas com tortura, ameaças sexuais e estupro", afirma Albanese, sem entrar em detalhes porque as vítimas e testemunhas correm riscos ao relatar os casos.
Especialistas da ONU relataram, em 19 de fevereiro, acusações de violência, especialmente sexual, contra mulheres e meninas palestinas em Gaza e na Cisjordânia, atribuídas às forças israelenses. Eles exigiram uma "investigação independente e imparcial" e pressionaram Israel a cooperar.
Desumanização dos palestinos
De acordo com Albanese, a tortura e os maus-tratos de prisioneiros palestinos em Israel parece ocorrer de maneira sistemática, mas depois de 7 de outubro a situação atingiu proporções preocupantes.
"Já havia uma forte desumanização dos palestinos antes do 7 de outubro. Mas esta data, o Exército israelense abandonou todas as restrições. Centenas de mulheres foram capturadas em Gaza entre os 3.000 prisioneiros, especialmente quando o Exército israelense entrou no norte de Gaza. Porque consideram terroristas todas as pessoas que não obedeceram à ordem de evacuação forçada", explica.
"Entre as mulheres que foram presas ou bloqueadas, estavam médicas, enfermeiras, jornalistas, ninguém foi poupado. Elas foram expostas, submetidas a revistas corporais por soldados homens. Não é normal", disse.
"Há casos em que mulheres foram obrigadas a assistir à execução de suas famílias. Quando foram presas, foram fotografadas, às vezes nuas, em posições muito embaraçosas e degradantes. Houve muitas reclamações, ameaças de estupro, como: 'vamos estuprar você, suas irmãs e sua mãe', etc. Mas também houve estupros. Isso não é algo que acontece apenas com as mulheres. Existem também situações de violação contra homens", relatou afirmando que a situação é grave e por isso pedem uma investigação.
Comissão independente para investigar crimes
Francesca Albanese lembra que uma comissão independente deve realizar uma investigação sobre os crimes cometido no território ocupado e Israel, com um mandato mais amplo que dela como relatora especial da ONU.
Albanese não poderá participar da investigação porque Israel proibiu sua entrada em seu território, em 12 de fevereiro, após a funcionária da ONU fazer comentários que autoridades israelenses consideraram antissemitas.
Ela insiste que é "necessário garantir que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha entre em todos os centros de detenção e também que os direitos dos palestinos sejam respeitados".
Cerca de 30 mil palestinos foram mortos na Faixa de Gaza desde o início do conflito em represália aos ataques do Hamas a Israel. Quase 13 mil deles são crianças e 70% das vítimas são mulheres e crianças. Cerca de 80% das infra-estruturas civis de Gaza, foram destruídas ou não funcionam.
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