Territórios ultramarinos da França são primeiros a votar no 2° turno das eleições legislativas
Eleitores franceses que vivem em territórios ultramarinos e no continente americano começaram a votar neste sábado (6), e serão seguidos por cidadãos que vivem na Polinésia e na Nova Caledônia, no Oceano Pacífico. A campanha para as eleições legislativas terminou na noite de sexta-feira (5), sob forte tensão e muito suspense. A França metropolitana começa a votar no domingo (7), às 7h da manhã pelo horário de Paris (2h em Brasília).
Os primeiros locais de votação abriram no arquipélago de Saint-Pierre-et-Miquelon, na América do Norte, às 8h pelo horário local (7h em Brasília). As ilhas abrigam uma única seção eleitoral em que se enfrentam o candidato independente da direita Stéphane Lenormand e o socialista Frédéric Beaumont.
Ainda neste sábado, votam eleitores que vivem no continente americano, bem como cidadãos das ilhas francesas de São Bartolomeu, São Martinho, Guadalupe e Martinica, no Caribe. Na América do Sul, eleitores da Guiana Francesa, que faz fronteira com o Brasil, também vão às urnas antecipadamente. Eles são seguidos por cidadãos que vivem na Polinésia e na Nova Caledônia, no Oceano Pacífico.
Segundo turno incerto
Ao que tudo indica, o pleito ser marcado por uma nova vitória do partido de extrema direita Reunião Nacional (RN). Mas, pairam dúvidas também sobre os efeitos da frente republicana formada para tentar barrar os ultranacionalistas, uma iniciativa realizada pela coligação de esquerda Nova Frente Popular, que aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, e pela aliança macronista de centro-direita Juntos, em terceiro lugar.
A campanha eleitoral terminou oficialmente às 23h59 de sexta-feira, sob forte tensão e com a divulgação, pelo Ministério francês do Interior, de um balanço contabilizando 51 agressões de candidatos e militantes durante todo o período.
Neste sábado e domingo ocorre o chamado período de "reserva eleitoral", em que candidatos e mídia são proibidos de abordar assuntos relacionados às eleições, até o anúncio dos primeiros resultados, às 20h de domingo (15h em Brasília). O objetivo é não influenciar o voto dos eleitores.
Até a noite de sexta, as últimas pesquisas mostravam um recuo de votos no Reunião Nacional, afastando a legenda da extrema direita do seu objetivo de conquistar uma maioria absoluta na Assembleia Legislativa. O partido liderado por Jordan Bardella ficaria com entre 205 e 230 assentos do total de 577, segundo uma sondagem do instituto Opinion Way divulgada na sexta-feira.
De acordo com a mesma pesquisa, o bloco de esquerda Nova Frente Popular conseguiria entre 145 a 175 deputados. Já a aliança governista de centro-direita Juntos, que registra um leve avanço, pode ficar com entre 130 e 162 vagas na Assembleia Nacional, contra as 250 que tinha antes da dissolução anunciada pelo presidente Emmanuel Macron, no último 9 de junho.
Policiamento reforçado no domingo
O clima de tensão é reforçado por um temor que os resultados do segundo turno e uma provável vitória da extrema direita não sejam aceitos por parte da população francesa. Por isso, o Ministério do Interior mobilizará 30 mil policiais em todo o país no domingo, entre eles, cinco mil em Paris.
"É um grande esquema para que a ultraesquerda e a ultradireita não aproveitem o resultado para criar uma desordem que pode, em seguida, resultar em outras desordens", justificou o ministro francês do Interior, Gérald Darmanin, durante a semana. Ele mesmo reconheceu que "há algo no ar que suscita a liberação da violência".
Na quarta-feira (3), a Praça da República acolheu uma grande mobilização pacífica contra a extrema direita, com a presença de estudantes, ONGs defensoras dos direitos humanos, políticos da esquerda, celebridades e personalidades, entre elas, o ex-jogador de futebol Raí, que discursou no evento.
Nesta sexta-feira, o secretário de Segurança Pública de Paris, Laurent Nuñez, indicou que um ato convocado pelo coletivo Ação Antifascista Paris e Periferia para o domingo diante da Assembleia Legislativa francesa foi proibido.
A manifestação seria realizada independentemente do resultado do segundo turno, segundo os organizadores. No entanto, os serviços de inteligência da França consideraram que grupos rivais poderiam se enfrentar durante o protesto, resultando em "riscos para a ordem pública".
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