Oposição de direita ameaça tirar gestão da Torre Eiffel da prefeitura de Paris

O Conselho de Paris, órgão com funções semelhantes a uma câmara municipal no Brasil, inicia nesta terça-feira (8) a discussão de vários projetos e um deles chama a atenção da imprensa: a atual ministra da Cultura, Rachida Dati, integrante da oposição de direita, elegeu o estatuto da Torre Eiffel como o seu cavalo de batalha contra a prefeita Anne Hidalgo. Dati ameaça tombar o monumento no patrimônio histórico, caso a rival socialista não ceda a propostas da oposição para a cidade.

O Conselho de Paris tem 163 representantes eleitos. A esquerda tem a maioria, com 96 conselheiros, contra 67 da oposição. Em entrevista ao jornal Le Parisien, Dati explica que a Torre Eiffel é um monumento apenas inscrito e não tombado como patrimônio histórico da cidade. Ela julga que a esquerda governa a capital sem respeitar as propostas da oposição, que vê Paris "degradada" e sua população exposta a "decisões arbitrárias" da prefeita socialista. 

A decisão municipal mais recente que irrita parte dos parisienses e moradores dos subúrbios da capital é a redução da velocidade no anel viário periférico, que Anne Hidalgo baixou de 70 km/h para 50 km/h, com o objetivo de diminuir a poluição

Outro projeto de Hidalgo atravessado na garganta da ministra e da oposição de direita é o de fechar a ponte Iéna à circulação de carros. Esta ponte faz a ligação entre a Torre Eiffel e os jardins do Trocadéro, na outra margem do Rio Sena.

Rachida Dati, que além de ministra é prefeita eleita pelo 7° distrito da cidade, reclama que não houve consulta aos moradores sobre essa medida, considerada "demagógica" pela oposição e inadequada do ponto de vista da segurança pública. "É uma barreira à segurança pública que já levou a um aumento de atos graves de delinquência. A esse caso, somam-se todos os fechamentos de ruas que produzem trânsito nos bairros, agravam a poluição e os efeitos do excesso de turismo", reclama Dati.

Uso político do monumento

Há muitos anos, a gestão da Torre Eiffel é uma prerrogativa da prefeitura de Paris. Um dos monumentos mais conhecidos e visitados do mundo, a torre costuma ser utilizada como um instrumento de soft power pela prefeita. Com frequência, Hidalgo usa a iluminação do monumento para defender causas, fazer homenagens e capitalizar politicamente, às vezes criando controvérsias. A mais recente foi a proposta de manter os anéis dos Jogos Olímpicos na fachada do monumento por tempo indeterminado. A família de seu criador, Gustave Eiffel, teve de se mobilizar para bloquear a proposta da prefeita. 

Rachida Dati afirma que o "parêntese encantado" das Olimpíadas acabou rápido demais. "A sujeira, a insegurança e o caos nos espaços públicos logo retornaram", afirma a política de direita, com certa razão. O metrô e as calçadas já estão sujos novamente e o policiamento é insuficiente para conter o avanço da cracolândia nos bairros da zona norte da cidade.

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