Fake news alimentam tensões na Martinica e levam manifestantes a invadir aeroporto e bloquear voos

A tensão continua na Martinica nesta sexta-feira (11), após uma série de informações falsas terem levados manifestantes a invadir o aeroporto da ilha caribenha, forçando voos a desviar suas rotas. O episódio acontece após protestos violentos contra o custo de vida nesse território ultramarino francês. Um toque de recolher foi instaurado.

O aeroporto de Fort-de-France, a capital da Martinica, foi fechado na noite de quinta-feira após ter sido invadido por manifestantes que tomaram a pista de pouso. Três aviões transportando mais de 1.000 passageiros tiveram que ser desviados para a vizinha Guadalupe, outro território ultramarino francês nas Antilhas. Segundo a administração do aeroporto, outros voos também foram anulados.

Durante toda a noite de quinta para sexta-feira, a polícia teve que conter manifestantes que armaram barricadas nas estradas da ilha. Objetos foram lançados contra policiais, estabelecimentos comerciais foram atacados e saqueados, prédios públicos foram parcialmente incendiados e estradas foram bloqueadas.

Um jovem de 20 anos foi morto durante o saque de um centro comercial e outro homem de 30 anos foi "gravemente ferido" por um tiro. De acordo com as autoridades locais, 32 pessoas foram detidas e 12 policiais sofrerem ferimentos leves.

A invasão do aeroporto foi provocada por uma série de rumores de que reforço policial seria enviado da França Metropolitana para tentar conter os manifestantes. A informação foi desmentida pelas autoridades locais, mas não impediu que a pista do aeroporto fosse tomada.

Pobreza e vida cara

A Martinica é palco desde setembro de uma mobilização popular que, nos últimos dias, foi marcada por atos de violência urbana e vandalismo. Os protestos foram lançados pelo Movimento pela proteção dos povos e dos recursos afro-caribenhos (RPPRAC, na sigla em francês).

Situada a quase 7.000 km de Paris e colonizada pela França em 1635, a Martinica, como outras ilhas das Antilhas francesas, já registraram protestos violentos no passado. Os manifestantes contestam frequentemente o custo de vida, muito mais elevado que na França Metropolitana. Em média, os alimentos custam 40% mais caro na ilha caribenha, onde mais de um quarto da população vive abaixo da linha da pobreza.

O aeroporto foi reaberto nesta sexta-feira e negociações foram retomadas entre representantes dos manifestantes e as autoridades locais, mas a situação continua tensa. Os protestos foram proibidos até segunda-feira (14) e um toque de recolher foi instaurado na noite desta sexta-feira. A restrição é imposta entre 21h e 5h.

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(Com agências)

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