Recém-nascido morre em naufrágio de barco de migrantes no Canal da Mancha

Um bebê de quatro meses morreu na noite de quinta-feira (17) na costa francesa após o naufrágio de um barco com migrantes que tentavam chegar à Inglaterra. O recém-nascido foi encontrado durante uma operação para salvar os passageiros que se afogavam no largo de Wissant, na região de Pas-de-Calais, no norte da França.

Segundo as autoridades marítimas do Canal da Mancha e do Mar do Norte, "65 pessoas foram recuperadas sãs e salvas", mas, "após buscas, uma criança foi encontrada inconsciente na água e infelizmente declarada morta". Desde o início do ano, 52 pessoas morreram em tentativas de travessia ilegal para Europa.

Vários navios de resgate foram enviados para socorrer a embarcação na noite de quinta-feira, com o apoio de um helicóptero belga. Quando chegaram ao local, as equipes descobriram que o barco, que estava superlotado, estava "em dificuldades e algumas das pessoas (estavam) na água", segundo o comunicado divulgado pela Secretaria de Segurança Marítima da região.

O bote "rasgou no meio, alguns dos passageiros caíram na água e outros seguraram os 'elementos' infláveis", disse o promotor de Boulogne-sur-Mer, Guirec Le Bras. O bebê de quatro meses, que provavelmente vinha do Curdistão iraquiano segundo as autoridades, estava a bordo "com seus pais e outras duas crianças". Segundo ele, "os náufragos eram principalmente cidadãos iranianos, iraquianos, albaneses e eritreus", acrescentou.   

As autoridades francesas abriram uma investigação por homicídio culposo e cerca de 50 náufragos serão entrevistados como testemunhas, disse Le Bras. O ano de 2024 já bateu o recorde de acidentes nas rotas migratórias desde 2018.

As embarcações, precárias, deixam o país de origem superlotadas. Poucos passageiros têm coletes salva-vidas e os afogamentos em alto mar são frequentes. Mas os passageiros estão prontos para pagar o preço exigido pelos intermediários que organizam as travessias e correr o risco.

Muitas crianças estão entre as vítimas. Em 3 de setembro, metade das doze pessoas que perderam a vida no pior naufrágio do ano eram menores de idade. Em 5 de outubro, uma criança de dois anos morreu pisoteada em um barco que transportava quase 90 pessoas e teve um problema no motor.

As travessias continuam, apesar das marés altas, que devem durar até domingo e complicam a navegação. Na noite de quinta-feira, "as associações ligaram para a Cruz Vermelha sete vezes para relatar barcos em perigo, com cerca de 400 pessoas a bordo, que tiveram a intervenção dos serviços de emergência", escreveu associação Utopia 56 em um comunicado.   

"Para que essas tragédias parem de acontecer, o Estado deve agir de outra maneira", acrescentou a associação, que pede "uma política de recepção na França e passagem segura para a Inglaterra".     

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Travessias com botes aumentaram

As travessias clandestinas em botes infláveis aumentaram com o bloqueio do acesso através do túnel do Canal da Mancha e do porto de Calais.    

As tentativas de embarcar em caminhões para utilizar ilegalmente o túnel ou um ferry continuam, mas os "botes" são o principal meio utilizado pelos migrantes, e representam quase 90% dos trajetos, de acordo com o promotor francês.

Os barcos que chegaram às costas britânicas desde 1º de janeiro têm uma média de 53 passageiros cada, em comparação com apenas 13 em 2020, segundo dados oficiais das autoridades britânicas. 

Entre junho de 2023 e junho de 2024, 18% das pessoas que chegaram nestes barcos eram procedentes do Afeganistão, 13% do Irã e 10% do Vietnã.

De acordo com as autoridades britânicas, mais de 26.000 migrantes chegaram à Inglaterra depois de cruzar o Canal desde o início do ano.

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Eleito em julho, o governo trabalhista britânico de Keir Starmer prometeu combater a imigração ilegal, aumentando o número de deportações de migrantes e lutando contra a ação dos coiotes.

Com informações da AFP

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