Ucrânia e OTAN realizam reunião de emergência para discutir escalada da guerra contra Rússia
A embaixadora da Ucrânia na Otan, Nataliia Galibarenko, se reúne nesta terça-feira (26) com o Conselho do Atlântico Norte, na sede da aliança militar em Bruxelas, para discutir o recente ataque da Rússia contra Kiev com um míssil balístico com capacidade para carregar armas nucleares, marcando assim a entrada de uma nova fase da guerra. Enquanto isso, países europeus próximos à fronteira russa preparam população para eventual conflito.
Letícia Fonseca-Sourander, correspondente da RFI em Bruxelas
Durante a reunião do Conselho do Atlântico Norte, que é o principal órgão de tomada de decisões políticas da Otan, a embaixadora da Ucrânia na aliança militar, Nataliia Galibarenko, deve descrever a seus colegas sobre a imprevisibilidade que o uso de mísseis balísticos trazem à guerra e certamente vai insistir por mais sistemas de defesa de longo alcance; como, por exemplo, o sistema Patriot, desenvolvido pelos EUA, e amplamente usado para interceptar mísseis balísticos táticos, mísseis de cruzeiro e aeronaves inimigas.
Em Bruxelas, a Ucrânia busca respostas concretas e por isso vai tentar assegurar que o convite para adesão à aliança militar seja recebido antes que o presidente americano, Joe Biden, deixe a Casa Branca. "Achamos que o convite à Ucrânia neste momento seria um sinal político", afirmou Galibarenko. A vitória de Trump trouxe uma enorme incerteza e um senso de urgência para Kiev, uma vez que Washington tem sido o maior fornecedor de ajuda militar para as forças ucranianas.
Até então, a posição da Otan em relação à adesão da Ucrânia é conhecida: as portas estão abertas desde que não haja mais guerra no país e esta é a razão pela qual a aliança militar se recusa a marcar uma data para a entrada de Kiev.
A Rússia sempre menciona a potencial adesão da Ucrânia à Otan para justificar a guerra, enquanto Kiev insiste que precisa aderir à aliança para se proteger de futuras agressões russas.
Escalada perigosa
Quando Joe Biden autorizou o uso de mísseis de longo alcance dos EUA para atacar uma base militar na Rússia na semana passada, a resposta de Moscou não demorou. Ao disparar um míssil balístico com capacidade para carregar armas nucleares contra uma fábrica em Kiev, o presidente russo, Vladimir Putin, enviou uma clara mensagem: Moscou irá sempre reagir às decisões e ações imprudentes dos países ocidentais que produzem e fornecem mísseis à Ucrânia. A guerra entrava assim em uma nova e perigosa fase.
Além disso, o envolvimento da Coreia do Norte na guerra entre a Rússia e a Ucrânia foi confirmada quando Pyongyang enviou 11 mil soldados à região russa de Kursk para lutar contra tropas ucranianas. Há indícios de que o Kremlin também tem recebido drones do Irã e armas da China. Segundo a agência de notícias Reuters, a Coreia do Norte está expandindo uma fábrica de mísseis usados pela Rússia na Ucrânia.
Na semana passada, quando o conflito completou 1.000 dias, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, declarou que "esta guerra deve acabar, mas não o nosso apoio à Ucrânia. Não pode haver paz na Europa sem paz na Ucrânia". Já o chefe da diplomacia do bloco europeu, Josep Borell, afirmou que o destino da Ucrânia irá determinar o futuro da União Europeia.
Medidas de precaução
O primeiro-ministro polonês Donald Tusk alertou para uma ameaça "séria e real" de uma guerra global após a recente escalada do conflito na Ucrânia. Para Varsóvia, a possibilidade de confronto com Moscou é cada vez mais concreta, enquanto isso o país prepara suas forças armadas e cidadãos.
A Alemanha também está tomando medidas de precaução para uma potencial escalada. Na semana passada, a imprensa alemã divulgou a existência da operação "Plano Alemanha" com os governos federal e estaduais, o exército, as autoridades e os serviços de segurança a coordenar como defender o país em caso de conflito.
A Suécia e a Finlândia têm aconselhado seus cidadãos sobre como se preparar para uma guerra em potencial. Folhetos distribuídos a milhões de famílias nos países nórdicos incluem instruções sobre como enfrentar os efeitos de conflitos militares, interrupções de comunicação ou cortes de energia.
Os países bálticos - Estônia, Letônia e Lituânia - que fazem fronteira com a Rússia, também estão se preparando para uma futura invasão russa.