Topo

O que molha mais: correr ou andar na chuva? A resposta não é tão simples

Participante da "Fazenda" busca lenha sob chuva: correr molha menos? - Reprodução/Playplus
Participante da 'Fazenda' busca lenha sob chuva: correr molha menos? Imagem: Reprodução/Playplus

Do UOL, em São Paulo

30/09/2022 04h00

Quando uma chuva desaba de repente, quase todo mundo que está ao ar livre tem a mesma reação: correr. Quanto mais tempo debaixo d'água, mais ensopados ficaremos, certo? A lógica parece simples, mas não é.

Pesquisadores que se debruçaram sobre o tema chegaram a publicar artigos atestando o (aparentemente) óbvio: quanto mais rapidamente uma pessoa se move debaixo de chuva, menos molhada ficará ao fim do seu percurso —desde que esta chuva seja vertical e constante.

O que atrapalha este raciocínio é a imprevisibilidade dos pingos de chuva. Nem toda precipitação pluviométrica é vertical, muito menos constante.

Correr ou não correr?

Um estudo publicado pela "Revista Brasileira de Ensino de Física" mostrou que o dilema de correr ou andar na chuva não é nada trivial.

Além do ângulo e da constância da chuva, é preciso considerar ainda a absorção de água, já que nem toda gota que cai é completamente absorvida por quem está se molhando.

Ciencia - REUTERS/Aly Song - REUTERS/Aly Song
Pedestres andam por Shanghai, na China, em meio a chuva e vento
Imagem: REUTERS/Aly Song

O estudo verificou também que o aumento da velocidade de percurso numa chuva vertical eleva a fração da massa de cada gota absorvida pela região frontal do indivíduo. O efeito disso é a existência de uma "velocidade ideal" para se molhar o mínimo possível.

Ou seja: ao se mover acima ou abaixo dessa velocidade ideal - que pode corresponder a uma caminhada vigorosa ou a uma corrida lenta - a pessoa fica mais encharcada.

Outros fatores que podem interferir no resultado do problema são a presença de vento, as características físicas da pessoa (por exemplo, se é gorda ou magra), o tecido da roupa e até a sinuosidade do percurso. Para cada uma das variáveis, há uma conta diferente a ser feita.

O resultado do estudo é que não existe uma resposta universal para o dilema. Ao contrário.

Fontes: Marcelo Knobel, físico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Paulo Peixoto, físico da Universidade Federal de Pernambuco, em Caruaru; Revista Brasileira de Ensino de Física.