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Após alta do diesel, Bolsonaro culpa Dilma por política do governo Temer

30.set.2021 - O presidente Jair Bolsonaro fala em sua live semanal. À esquerda na imagem está o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas - Arte/UOL sobre Reprodução/YouTube Jair Bolsonaro
30.set.2021 - O presidente Jair Bolsonaro fala em sua live semanal. À esquerda na imagem está o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/YouTube Jair Bolsonaro

Beatriz Montesanti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/09/2021 22h41Atualizada em 30/09/2021 23h01

Não é verdade que a atual política de preços da Petrobras foi adotada no governo de Dilma Rousseff (PT), como disse em live hoje o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A mudança ocorreu em outubro de 2016, quando o presidente já era Michel Temer (MDB).

A política adotada desde então pela Petrobras acompanha a variação no mercado internacional, o que tem levado a altas nos combustíveis nos últimos meses. Nesta semana, a estatal anunciou uma alta de 8,9% no preço do diesel. Veja a checagem do UOL Confere:

O diesel tá caro, se for pegar a média mundial, está bem abaixo, mas nós somos produtores de petróleo. Acordos lá atrás, se não me engano, 2016, final do governo Dilma, teve a tal da lei da paridade. Ou seja, aumenta o petróleo brent lá fora, cotado em dólar, o preço do dólar aqui no Brasil é outro.
Presidente Jair Bolsonaro em live semanal

A afirmação de que a "lei de paridade" foi adotada no final do governo Dilma Rousseff (PT) é FALSA, pois a política foi implementada pela Petrobras já sob a presidência de Michel Temer (MDB), em outubro de 2016.

Na ocasião, a Petrobras adotou um modelo de cálculo para definir os preços dos combustíveis nas refinarias chamado PPI (preço de paridade de importação), que acompanha, entre outros fatores, a variação internacional do barril do petróleo e a cotação do dólar.

Nesta semana, a Petrobras elevou o preço do diesel nas refinarias em 8,9%, após 85 dias de estabilidade. Com o ajuste, o valor médio do diesel vendido pela companhia a distribuidoras passou de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro — alta de R$ 0,25. Para a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), ainda há uma defasagem de 14% no valor.

Já a afirmação de que o preço do diesel no Brasil está abaixo da média mundial é VERDADEIRA. A partir de dados do portal Global Petrol Prices, que monitora o valor do diesel em 167 países, é possível calcular que a média mundial do preço do litro do combustível é de US$ 1,072 (R$ 5,83, pelo câmbio de hoje). O preço do litro no Brasil, segundo o site, está em US$ 0,873 (R$ 4,751).

O valor do diesel no Brasil pode até estar abaixo da média mundial, mas vem subindo praticamente sem parar desde maio do ano passado, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Naquele mês, o preço médio no Brasil do litro do diesel na revenda chegou a R$ 3,037. Em agosto deste ano, antes do novo aumento, estava em R$ 4,611 — avanço de 51,8%. No mesmo intervalo, o litro do diesel S10 saiu de R$ 3,140 para R$ 4,670, alta de 48,7% no período.

Em lives anteriores, Bolsonaro disseminou desinformação sobre os preços do gás e da gasolina. Segundo a Folha, aliados de Bolsonaro dizem que a alta dos combustíveis e do gás de cozinha é uma das principais preocupações do governo rumo ao ano que vem, quando o presidente deve tentar a reeleição. Em meio ao atual cenário econômico, a reprovação ao governo Bolsonaro chegou a 53% este mês, o pior índice do mandato, segundo o Datafolha.

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