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Comando-geral da PM na Bahia ameaça processo e desconto de dias parados e diz que grevista é "desertor"

Janaina Garcia

Do UOL, em Salvador

10/02/2012 13h44Atualizada em 10/02/2012 15h27

O comando-geral da Polícia Militar na Bahia anunciou nesta sexta-feira (10) que a participação do policial na greve iniciada no último dia 31 vai resultar em desconto no salário por dia parado e abertura de processo administrativo.

Segundo o comandante-geral da PM baiana, Alfredo Braga de Castro, o acordo de anistia administrativa feito com os grevistas valia até ontem (9), data em que parte da categoria oficializou a manutenção da greve. A decisão foi tomada à noite, horas depois de 245 grevistas terem desocupado o prédio da Assembleia Legislativa da Bahia. Dois dos líderes do movimento foram presos após a rendição –entre eles, o ex-soldado Marco Prisco, apontado como o líder da greve.

Os policiais militares da Bahia entraram em greve no dia 31 de janeiro e pedem a incorporação de gratificações ao salário e a concessão da anistia administrativa para os envolvidos na paralisação.

Segundo o comando da PM, “a depender de cada caso, [o policial grevista] pode ser considerado desertor”. Em nota à categoria, Castro convocou os grevistas a voltarem a seus postos, os chamou de “pessoas do bem” e “agentes da paz” e enfatizou: o trabalho “será árduo e exaustivo”.

Em entrevista coletiva, o comandante minimizou a adesão ao movimento e sentenciou: “Tudo tem um começo, um meio e um fim. E, na minha opinião, o fim da greve está decretado. Apenas uma pequena minoria está resistindo a essa convocação do comando da PM ao retorno ao trabalho”, declarou. Para o comandante, a instituição avaliará a participação na greve “não como adesão, mas como ausência ao serviço”.

Castro disse que 85% dos policiais da região metropolitana de Salvador estão trabalhando. Segundo ele, há uma tendência de volta à normalidade, de acordo com levantamento feito pelo comando de manhã.

Na opinião do coronel Castro, a decisão foi tomada ontem por uma pequena minoria "que está resistindo à convocação do comando da PM ao trabalho. Mas a maioria está nas ruas", disse.

Ele reconheceu, no entanto, que ainda é cedo para que os homens do Exército deixem o patrulhamento de Salvador, ação que vem ocorrendo mais nos bairros centrais e nas áreas turísticas da cidade. "Estamos em uma fase de transição. O Exército vai ficar até essa fase de transição terminar", disse.

Segundo levantamento do comando da PM, o policiamento está mais escasso em alguns bairros que se localizam ao longo da avenida Suburbana e também em Cajazeiras, na região metropolitana da cidade.

Nós identificamos essa deficiência e já estamos providenciando um reforço no policiamento dessas áreas", disse o coronel.


Embora ele tenha passado uma mensagem para tranquilizar os moradores e os turistas que pretendem passar o Carnaval em Salvador, ainda há um sentimento de insegurança por parte da população. À noite, as ruas têm ficado desertas, o comércio em alguns bairros ainda fecha as portas durante a tarde, ou mesmo quando soa o alerta de arrastão.

Os shoppings também estão fechando mais cedo --20h, em vez de 22h. Vários shows e ensaios de blocos carnavalescos, previstos para esta semana, foram cancelados.

O coronel disse que o reforço policial do interior da Bahia para a capital, que é feito todo ano durante o carnaval, está mantido para a próxima semana. Serão deslocados para Salvador 3.200 policiais de outras cidades baianas.

Agora à tarde, está marcada nova assembleia dos policiais grevistas para decidir se o movimento será mantido.

(Com Agência Brasil)