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Menor suspeito de dirigir jet ski que matou menina em Bertioga (SP) não aparece para depor

Fernando Mendonça

Do UOL, em Bertioga (SP)

23/02/2012 14h48Atualizada em 23/02/2012 17h17

O menor V.A.C., de 13 anos, suspeito de dirigir o jet ski que atropelou e matou uma menina de três anos no último sábado (18) na praia de Guaratuba, em Bertioga (121 km de São Paulo), não comparecerá ao depoimento que faria às 15h desta quinta-feira (23) na delegacia da cidade.

A informação foi dada pelo advogado do menor, Maurimar Chiasso. “A pressão e a comoção deste momento são muito grandes, não posso expor meus clientes a isso”, disse.

Não foi definida uma nova data para o depoimento, mas o delegado do caso disse que as investigações continuam. “Vou ouvi-lo nas próximas horas, no máximo no início da próxima semana”, afirmou o delegado Maurício Barbosa, responsável pelo caso. Para Barbosa, está descartada a hipótese de colher o depoimento por meio de carta precatória. “O advogado da família do rapaz, doutor Maurimar [Chiasso], me disse que vai trazê-lo até aqui.” 

A mãe da menina, Cirleide Lames, chegou para depor no final da manhã, por volta das 11h20, com seu advogado, José Beraldo, mas não falou com a imprensa. Na saída, ela disse que espera justiça, mas não deu detalhes do que disse em seu depoimento. Em entrevistas dadas a imprensa, ela já disse que viu a filha "voando longe" após o choque.

Segundo o advogado do adolescente, o rapaz não estava sobre o jet ski no momento do acidente. O equipamento estaria sem ninguém no controle quando, desgovernado, teria atingido a menina, que brincava na parte rasa da praia de Guaratuba, em Bertioga.

O adolescente, diz o advogado, teria apenas dado a ignição e, em seguida, caído na água quando o equipamento ligou e se moveu. Ninguém da família prestou socorro à criança.

O delegado afirma que ainda restam dúvidas sobre como o jovem teria deixado o local, já que algumas pessoas têm afirmado que um helicóptero, que não era da polícia, sobrevoava a área logo após o acidente. No entanto, ainda segundo o delegado, outras testemunhas dizem terem visto carros deixando a mansão onde o jovem estava hospedado no mesmo instante. “Vamos ouvir quantas pessoas forem necessárias”, afirmou Barbosa.

O delegado disse que na próxima semana deverá ser realizada uma perícia, na qual uma embarcação idêntica ao jet ski que provocou o acidente será levada ao mar para simulações do que pode ter acontecido no último sábado.

Dolo eventual

O advogado da família de Grazielly, José Beraldo, disse que irá ingressar com ação de dolo eventual contra o responsável por ter entregado a chave do equipamento ao menor suspeito de provocar o acidente. “Quem deu a chave ao jovem assumiu o risco de produzir o resultado, neste caso, a morte da menina”, disse Beraldo. "Essa pessoa, assim como todas as demais que estavam na mesma casa, serão responsabilizadas."

Para a criminalista e procuradora de Justiça Luiza Nagib Eluf, caso os relatos iniciais sejam confirmados, um adulto deve ser responsabilizado pelo acidente. “A responsabilidade inicial é de quem era o dono do jet ski. Se essa pessoa não passou o veículo ao adolescente, outro adulto o fez e teria de arcar com as consequências”, disse.

O caso

Grazielly Almeida Lames, que visitava o mar pela primeira vez, brincava com a mãe na área rasa da praia quando o jet ski a atingiu na cabeça.

Ela foi levada de helicóptero ao Hospital Municipal de Bertioga, com traumatismo craniano, mas chegou já morta. O adolescente suspeito de dirigir o jet ski fugiu do local sem prestar socorro.

O enterro de Graziele aconteceu na manhã da última segunda-feira (20), em Arthur Nogueira (148 km de São Paulo), onde a menina morava com os pais.

Local do acidente

  • Arte UOL

    Guaratuba fica no litoral norte de SP