MP denuncia dono de pousada onde casal morreu asfixiado em Minas Gerais; local é parcialmente interditado
O Ministério Público denunciou à Justiça por homicídio culposo o dono da pousada onde um casal de namorados morreu asfixiado por monóxido do carbono, em março do ano passado, na cidade de Brumadinho, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte. Além do empresário Luciano França Drumond, um bombeiro hidráulico também foi denunciado pelo mesmo crime.
O MP determinou ainda, juntamente com o Procon estadual e a PM, a interdição parcial, de forma cautelar, da pousada, em razão de oito chalés no local apresentarem uma obra irregular no aquecedor, de um total de 16 unidades.
Na última segunda-feira (27), a Polícia Civil mineira havia indiciado o proprietário do estabelecimento e o bombeiro hidráulico. Segundo o inquérito, o profissional havia aconselhado Drumond a realizar uma obra para confinar o aquecedor a gás da banheira de hidromassagem no subsolo do chalé onde o casal havia se hospedado.
De acordo com o inquérito, peritos concluíram que o sistema de aquecimento confinado passou a produzir monóxido de carbono, que ficou em alta concentração no recinto fechado, e teria retornado ao quarto por frestas da tubulação de água da banheira, causando a morte de Gustavo Lage Ribeiro, 23, e Alessandra Paolinelli de Barros, 22, que comemoravam no local um ano de namoro.
A obra foi sugerida, segundo a delegada que cuidou das investigações, após reclamações de outros hóspedes que afirmaram não conseguirem aquecer a água da banheira. Por ser um local de correntes de ar expressivas, a chama-piloto do aquecedor se apagava com facilidade, informou a policial. A investigação concluiu que nem Drumond, nem o bombeiro consultaram peritos antes de realizar a reforma.
No início das investigações, a lareira instalada no chalé chegou a ser cogitada como a fonte de emissão do monóxido de carbono que matou o casal.
De acordo com promotor de Justiça de Brumadinho, William Garcia Pinto Coelho, "o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) seguiu duas linhas de atuação: uma buscando apurar a responsabilidade criminal pela morte de Gustavo Lage e Alessandra Paolinelli e outra visando a tutelar a coletividade, tendo em vista que o defeito no serviço de hospedagem colocado no mercado expõe potencialmente a saúde e a segurança dos hóspedes", informou nota divulgada pelo órgão.
Os chalés interditados não poderão receber hóspedes até que representantes da pousada apresentem ao MP um documento técnico que comprove a segurança das instalações, mediante a liberação do Corpo de Bombeiros. O UOL tentou contato com o advogado do dono da pousada, mas ele não retornou às ligações.
Entenda o caso
O casal havia se hospedado no local, dois dias antes do acidente, para comemorar um ano de namoro. Sem contato, a família acionou a polícia. Após rastreamento de mensagens postadas no Facebook, policiais conseguiram localizar o paradeiro dos jovens, que foram encontrados mortos na pousada no dia 17 de março de 2011.
Não foram encontradas marcas de violência nos corpos, nem sinal de arrombamento no quarto. Durante o curso das investigações, várias pessoas foram ouvidas pela Polícia Civil. Entre elas, o dono da pousada, ele afirmou que as lareiras do estabelecimento sempre foram alvo de constante inspeção.
Versões sugeriram que o casal pudesse ter sido vítima de envenenamento. Taças com resto de vinho encontradas no quarto foram analisadas e a polícia ainda procurou por drogas no recinto, além de vestígios de que outras pessoas tenham frequentado o local. Amigos do casal descartaram problemas de relacionamento entre os jovens.
O episódio suscitou a confecção de cartilhas, pelo governo do Estado, para orientar hóspedes e turistas sobre o manuseio correto de lareiras.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.