Topo

"A polícia cada vez mais conquista a confiança da população", diz comandante da PM em SP

Ford Fiesta do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, que teve o para-brisa marcado pelos disparos  - Robson Ventura/Folhapress
Ford Fiesta do publicitário Ricardo Prudente de Aquino, que teve o para-brisa marcado pelos disparos Imagem: Robson Ventura/Folhapress

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

19/07/2012 22h16

Apesar das mortes recentes causadas por policiais militares, o comandante-geral interino da Polícia Militar, coronel Hudson Camilli, afirmou acreditar que a população confia cada vez mais na corporação. "Tenho a impressão que a polícia tem cada vez mais conquistado a confiança da população", disse, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (19).

Ontem (18), a PM foi responsável por duas mortes: em São Paulo, a vítima foi o publicitário Ricardo Prudente de Aquino, 39, morto no bairro de Sumaré, zona oeste, após ser atingido por tiros disparados por três PMs --segundo a polícia, ele fugiu de um bloqueio; já em Santos (a 87 km de São Paulo), morreu Bruno Vicente de Gouveia e Viana, 19, depois que o veículo em que estava ter sido atingido por 25 tiros de policiais.

Além dos dois casos, um grupo de nove PMs da Força Tática estão sendo investigados pela Corregedoria da PM sob suspeita de participação no desaparecimento de dois jovens em Guarulhos (Grande São Paulo), na madrugada do último dia 13.

Também estão sob investigação policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) que, sem autorização judicial, invadiram um prédio na Baixada Santista atrás de um suposto foragido.

Resistência seguida de morte

A morte do publicitário e o episódio em Santos foram classificados como “resistência seguida de morte”. De acordo com dados da PM, ocorreram 47 casos desse tipo até agora no mês de julho –oito deles só na madrugada do dia 13.

As notícias de confrontos com policiais que resultaram em mortes avolumaram-se a partir de meados de junho, quando começou uma onda de violência em São Paulo, com o assassinato de policiais militares, ataques a bases de segurança e ônibus incendiados.

 

Para o comandante interino da PM, a situação em São Paulo não está fora de controle. “Se nós tratarmos esses episódios, que lamentavelmente acontecem, do ponto de vista estatístico, não indica algo que fuja da normalidade”, disse.

De acordo com Camilli, a letalidade da PM em julho é de 36%, ou seja, pouco mais de uma morte a cada três conflitos. “A média considerando os últimos 53 meses é de 37%”, afirma.

Apoio à família

Na entrevista, o comandante da PM disse que foi oferecido à família do publicitário acompanhamento psicológico e médico, além de “todo o apoio possível”, diferentemente do que ocorreu em praticamente todos os outros casos de resistência seguida de morte registrados em julho –nos quais os mortos eram, sobretudo, moradores da periferia.

Segundo Camilli, a outras duas famílias foi ofertada assistência médica e psicológica, além da família do publicitário. O comandante da PM afirma que a classe social da vítima ou a repercussão do caso não foram os fatores que fizeram com que a polícia oferecesse apoio aos familiares.

“Esse fato fugiu da regularidade dos casos. Ele [o publicitário] não estava armado. É uma situação totalmente indesejada”, disse.