Topo

Polícia prende suspeitos de assalto com tortura no RS; um dos detidos era servidor da Prefeitura de Porto Alegre

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

18/10/2012 18h16

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu, nesta quinta-feira (18), oito pessoas suspeitas de pertencerem a uma quadrilha de assalto a residências e de "saidinhas de banco". Entre os presos está um servidor da Secretaria de Administração de Porto Alegre, lotado no gabinete da secretária. O homem, que foi exonerado nesta manhã, teria participado de um assalto seguido de cárcere privado em que três vítimas foram torturadas.

A operação contou com cerca de 90 policiais que cumpriram 17 mandados de busca e apreensão e sete de prisão em Porto Alegre, Santa Maria, Rio Pardo, Pantano Grande e Santa Cruz. Um homem foi preso em flagrante com 1 kg de maconha e munição.

Segundo a delegada Fabiana Kleine, o grupo também praticava assaltos a sítios e fazendas. "Não é possível contabilizar quanto o grupo roubou, já que levavam armas, diversos tipos de objetos, televisões, aparelhos de som e máquinas fotográficas das vítimas", explica a delegada. Segundo ela, ainda há mais membros da quadrilha soltos, mas a polícia não soube precisar seu número, apenas que possuíam funções bem definidas, como o levantamento da rotina das vítimas e equipes de apoio para as ações.

Servidor

As investigações duraram cinco meses e contaram com interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Nessa conversas foi possível verificar o envolvimento de Valdomiro Wagner dos Santos Corrales, servidor da Secretaria de Administração da Porto Alegre, lotado no gabinete da secretária Sônia Vaz Pinto. Na casa dele foram encontradas duas armas.

De acordo com a delegada, Corrales participou de ao menos duas ações: o roubo a uma residência em Santa Maria e o assalto à casa de um empresário em Alvorada, na região metropolitana de Porto Alegre. Nesse episódio, a vítima foi sufocada com um saco plástico na cabeça, enquanto sua mulher teve o cabelo cortado a faca. Já a filha do casal, uma menor de idade, foi ameaçada de ter um dos dedos da mão arrancados, caso o pai não revelasse o esconderijo do dinheiro.

"Também flagramos ele [Corrales] mantendo contato telefônico com outros membros da quadrilha, falando em armas e delitos", revela a delegada.

Exoneração

Na manhã de hoje, a Secretaria de Administração lançou uma nota, na qual informou a exoneração de Corrales "após a divulgação de sua prisão preventiva decorrente de operação realizada pela Polícia Civil". Conforme a pasta, o funcionário exercia cargo em comissão de assessor de nível médio, exercendo "serviços gerais do gabinete". Corrales já havia sido preso anteriormente por porte ilegal de armas.

Durante a ação, foram apreendidos um revólver Magnum 357, uma pistola .45 e vários objetos relacionados a roubos, como TV, computadores e celulares. Todos os presos serão encaminhados, ainda hoje, ao Presídio Central, em Porto Alegre. Até o fim da tarde, nenhum advogado de defesa foi encontrado para comentar o caso.

Escutas mostram homens planejando assalto a idosa