Moradores de bairro nobre do Rio fazem panelaço em protesto contra construção de estação de metrô
Um grupo de moradores de Ipanema, bairro nobre da zona sul do Rio de Janeiro, realiza na manhã desta segunda-feira (22) um panelaço em novo protesto contra a construção de uma estação de metrô na praça Nossa Senhora da Paz.
A manifestação ocorre paralelamente à instalação de um canteiro de obras no local, onde os engenheiros da concessionária Metrô Rio trabalharão nos próximos quatro anos --o novo ramal, que faz parte do traçado da linha 4, deve ser entregue em 2016.
De acordo com a Prefeitura do Rio de Janeiro, o processo de construção das estações que integram o projeto será executado de forma gradual, isto é, os tapumes que delimitam o perímetro dos canteiros serão colocados aos poucos a fim de reduzir o impacto da obra no cotidiano dos moradores.
Também serão construídas estações de metrô na praça Antero de Quental e no Jardim de Alah, no Leblon, zona sul. A primeira fase das obras prevê que 62% das áreas serão preservadas no sentido de manter espaços de lazer, segundo o governo municipal. Posteriormente, apenas 26% não serão ocupados por máquinas, tapumes ou outros itens relacionados à construção.
Há exatamente um ano, o mesmo grupo de moradores realizou o primeiro protesto contra a construção de uma estação metroviária na praça Nossa Senhora da Paz, que foi marcado por um abraço coletivo formado por mais de 200 manifestantes.
Questão ambiental
O grupo voluntário PSI (Projeto de Segurança Ipanema), responsável por organizar o panelaço, argumenta que a praça Nossa Senhora da Paz, um dos espaços urbanos históricos do bairro, não pode ser descaracterizada --o local é tombado pelo Decreto Municipal nº 23.161, aprovado no dia 21 de julho de 2003.
De acordo com os organizadores, a construção de uma estação de metrô "acumula muitos aspectos desfavoráveis", tais como a derrubada de árvores centenárias e o fim das atividades de lazer no local, principalmente para os idosos.
Além disso, o grupo argumenta que Ipanema não precisaria de mais uma estação de metrô --atualmente, o bairro conta com uma estação na praça General Osório, da Linha 1, e uma outra a ser construída no Jardim de Alah, que também levará este meio de transporte para os moradores do Leblon.
Segundo Grace Fabor, uma das organizadoras do protesto, o objetivo é "demonstrar para as autoridades o quanto aquele aprazível local é importante para seus frequentadores, moradores ou não". Além disso, a aposentada afirma que mais de 90% das 1.168 pessoas que votaram em uma enquete promovida pelo PSI se manifestaram contra a construção da estação de metrô.
"O governo do Estado, ao insistir nessa obra, estará contrariando a vontade manifestada pelos moradores de Ipanema: 91,37%, segundo nossa enquete. Contra a tradição, a natureza e o tombamento, ou seja, desrespeito total! Foi lembrado, inclusive, que assim que a estação Jardim de Alah estiver concluída, a estação ora pretendida ficará ociosa, esvaziada, como já ocorre com a estação Cantagalo [situada em Copacabana, bairro vizinho]", questiona.
Os comerciantes do bairro reclamam ainda da instalação de "respiradores" (estrutura de ventilação), que ocupariam espaços importantes para os lojistas que atuam na região. Além disso, o processo de construção é longo e a rotina dos pedestres seria afetada, na visão dos manifestantes.
Linha 4
Assim como a estação Jardim de Alah, o projeto de construção de um ramal na praça Nossa Senhora da Paz integra o planejamento da Linha 4 (fará a conexão entre Ipanema e a Barra da Tijuca, no Jardim Oceânico).
O governo do Estado considera a obra fundamental para desatar o nó no trânsito entre a zona sul e a Barra, um problema que a cidade precisa solucionar a fim de evitar transtornos durante os Jogos Olímpicos de 2016.
O novo trecho, na prática, será uma extensão da Linha 1 (Saens Peña - Ipanema/General Osório). Os trens sairão da Pavuna e seguirão direto até a Barra com tempo médio de percurso de 35 minutos.
Em SP, churrascão da gente diferenciada
Em maio do ano passado, cerca de 300 pessoas fecharam a avenida Higienópolis, em frente ao shopping local, zona central da capital paulista, em protesto pela intenção do governo de São Paulo de mudar o local de uma estação de metrô na avenida Angélica, após pedido feito por uma associação de moradores.
Depois, a manifestação se deslocou pelas ruas do bairro até a esquina da avenida Angélica com a rua Sergipe, local onde inicialmente estava projetada a estação. Churrasqueiras portáteis foram instaladas no local e assaram chuchu, em referência ao apelido do governador paulista, Geraldo Alckmin. Não foram registrados atos de violência no ato que teve forte presença policial e da CET, a companhia de trânsito paulistana.
O "Churrascão da Gente Diferenciada", nome dado ao protesto por seus organizadores a partir de página na rede social Facebook, mobilizou estudantes, moradores e integrantes de movimentos sociais, que levaram um ambiente popular pelas ruas do sofisticado bairro.
O nome da manifestação surgiu após uma declaração de uma moradora de Higienópolis em entrevista à Folha de S.Paulo. "Eu não uso metrô e não usaria. Isso vai acabar com a tradição do bairro. Você já viu o tipo de gente que fica ao redor das estações do metrô? Drogados, mendigos, uma gente diferenciada...".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.