"Queria dinheiro para cuidar da minha filha", diz acusado de participar de morte de atriz em Minas Gerais

A Polícia Civil mineira apresentou nesta quinta-feira (25), em Belo Horizonte, dois suspeitos pela morte da atriz Cecília Bizzotto, 32, assassinada dentro de casa na madrugada do último dia 7 de outubro.

Dois homens armados renderam Cecília, o irmão dela e uma cunhada quando chegavam em casa, um imóvel de alto padrão. Os moradores foram obrigados a abrir os cômodos da residência para encontrarem objetos de valor e dinheiro.

Um dos suspeitos estava em liberdade condicional, após ficar preso dois anos e oito meses por furto, e fora solto em agosto do ano passado. Além dessa sentença, em cumprimento, o suspeito tem passagens pela polícia por uso de drogas e porte ilegal de arma, conforme o inquérito.

A dupla se mostrou reticente ao falar com a imprensa, mas deram as suas versões para o crime. O suspeito da morte da atriz afirmou que atirou na mulher porque ela tentou pegar a arma. “Foi acidente dela lá. Ela que pulou na arma, querendo me dominar, e acertou um tiro nela, só isso”, disse Gleisson Martins Horácio, 28.

“Eu também estava frágil, estava machucado”, disse, depois de ter sido questionado se acreditava que realmente havia a necessidade de atirar na mulher, que tinha uma compleição física frágil e aparentemente não apresentava perigo a ele.

Já Luiz Henrique da Silva Paulino, 20, disse ter se arrependido. “Sim. (estou) arrependido por tudo”, resumiu o suspeito. “Eu não queria joia, não queria nada. Queria dinheiro para cuidar da minha filha. Ela estava precisando de remédio. Eu precisava comprar leite e fralda para ela”, disse Paulino. Ele afirmou que não conseguia emprego por causa de sua passagem pela polícia. “Eu nunca imaginei que isso (assalto à casa da atriz) fosse terminar assim”, afirmou o suspeito.

De acordo com a delegada Elenice Cristine Ferreira, da Delegacia de Homicídios Sul, Horácio foi quem atirou na atriz. Ele havia entrado na casa na companhia de Paulino, que tem passagem por uso de drogas. Os dois foram presos nesta quarta-feira (24) em local conhecido como aglomerado Morro das Pedras, situado na oeste da capital mineira. A delegada informou que eles confessaram o assalto e o crime. Afirmaram terem escolhido aleatoriamente a casa da vítima e queriam apenas objetos de valor. Um terceiro suspeito, que teria dado cobertura à dupla, ainda é procurado pela polícia.

Vítima teria reagido

Segundo a responsável pelo inquérito, a versão apresentada por Horácio foi que Cecília teria tentando pegar a arma dele quando os dois se dirigiram a um loft da casa. Conforme a investigação, os dois foram reconhecidos, por meio de fotos, pelo irmão e pela cunhada de Cecília Bizzotto. A delegada Elenice Ferreira afirmou que não tem nenhuma dúvida da participação deles na morte da atriz.

“A participação dos dois já foi definitivamente comprovada através de todas as provas técnicas que já estão juntadas aos autos, dentre elas, e a mais importante, é o reconhecimento (feito pelos irmão e cunhada), além da confissão, que confirmou tudo o que a gente já tinha”, disse a responsável pelo inquérito, que tem 300 páginas, mas ainda não foi concluído.

A polícia informou que, inicialmente, os dois vão responder pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte). A arma do crime ainda não foi localizada.