Dedinho de família: 'Me pediu foto da mão e teve certeza que era meu pai'
A estrategista de marketing Ingrid Ciaviex, de 28 anos, viveu por quase duas décadas sentindo-se deslocada da própria família. Quando a jovem de Mogi Guaçu (SP) tinha 19 anos, uma mensagem no Facebook mudou a sua história: ela poderia ser filha de um namorado que a mãe teve. Um detalhe no dedinho da mão ajudou a confirmar as suspeitas.
'Sempre me senti deslocada'
Até os 19 anos, Ingrid foi criada pelos avós, pais do homem que ela acreditava ser seu pai biológico. Ela sabia que a mãe teve um breve relacionamento em meio ao término com este homem, mas essa nunca foi uma questão relevante para ela.
Ele e minha mãe voltaram quando eu tinha um mês, e ele não quis nem fazer o DNA.
Ingrid Ciaviex
O homem que Ingrid acreditava ser seu pai não foi presente em sua vida, mas fez "o melhor que podia", segundo ela.
Quando Ingrid ainda era criança, os avós conseguiram legalmente sua guarda. "Tive uma boa educação, mas sempre me senti deslocada da família. Nem era uma questão física, mas de comportamento", diz ela.
Eu sempre fui uma pessoa com habilidade para artes e comunicação, por exemplo, e a minha família adotiva é mais lógica e racional.
Ingrid Ciaviex
'Me viu tocando violão'
Ela foi morar sozinha aos 17 anos por problemas de convivência, mas continuou por perto dos avós. E, quando tinha 19 anos, um homem que ela nunca tinha visto na vida a procurou no Facebook.
"Depois eu soube que, um tempo antes, ele procurou minha mãe porque viu um vídeo meu cantando e tocando violão que viralizou. Ele perguntou se eu podia ser filha dele e ela desconversou."
O homem mandou uma mensagem para ela, elogiando o vídeo. Falou que Ingrid cantava bem. "E eu agradeci."
Uns dias depois, ele mandou mensagem de novo e perguntou se minha mãe já tinha falado dele para mim. Eu respondi que não, ela nunca tinha falado, mas perguntei se ele tinha namorado ela.
Ingrid Ciaviex
Ele respondeu que, além de namorar, acompanhou a gestação dela até seis ou sete meses. "Ele disse que vivia com a curiosidade [sobre ser ou não o pai] por 19 anos e perguntou se eu topava fazer um exame de DNA."
Eu aceitei, mas deixei claro que minha referência de pai era meu avô adotivo e que nada mudaria isso.
Ingrid Ciaviex
'Se eu tinha dúvidas, não tenho mais'
Com o passar das semanas, o vínculo de Ingrid com aquele homem aumentou, e eles conversavam sempre online.
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Quero receberMas, antes do primeiro encontro, ele fez um pedido inusitado: se ela poderia enviar uma foto da mão para ele, porque ele queria tirar uma dúvida.
"Achei aleatório, esquisito. Mas depois ele me contou que tinha visto meu dedo no vídeo tocando violão. Na mesma hora que eu mandei a foto, ele me mandou uma da mão dele", conta. Logo depois, chegou um áudio.
Ele falou: 'se eu tinha alguma dúvida, agora não tenho mais, você é minha filha'.
Ingrid Ciaviex
Em seguida, ela descobriu que os irmãos e outros parentes tinham o mesmo formato de dedinho.
"Todos temos: eu, minha avó, meu pai, meus tios, meus irmãos, meus filhos. Lembro que, quando eu era criança, eu ficava olhando para a minha mão e várias vezes tentei 'desentortar' ele. Achava interessante."
Depois, descobriram mais coincidências. "Meu tio mais novo, irmão do meu pai biológico, era casado com minha professora do primário. Um dos meus primos, filho da minha tia mais velha, estudava na mesma escola que eu."
O exame de DNA, que aconteceu tempo depois, confirmou o que eles já previam: Ingrid é mesmo filha dele.
"O resultado saiu um dia antes do meu aniversário, e eu comemorei meus 20 anos na casa da minha família biológica", lembra ela.
Ingrid conta que nunca se afastou da família biológica desde que o vínculo foi descoberto.
Hoje, meu pai e minha família biológica fazem parte da minha vida. Meus filhos o amam, amam meus irmãos. A gente se vê com frequência, tentamos nos reunir uma vez por semana ou a cada 15 dias.
Ingrid Ciaviex
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