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Alpinismo era um refúgio para ele, diz irmão de morto durante escalada no Pão de Açúcar

Helicóptero ajuda no resgate de Bruno após o acidente no morro do Pão de Açúcar - Marcelo Carnaval /Agência O Globo
Helicóptero ajuda no resgate de Bruno após o acidente no morro do Pão de Açúcar Imagem: Marcelo Carnaval /Agência O Globo

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

03/12/2012 17h18

Sob forte emoção da família e dos amigos, o corpo de Bruno da Silva Mendes, 32, que morreu no domingo (2) após uma queda enquanto escalava o morro do Pão de Açúcar, foi enterrado na tarde desta segunda-feira (3) no Cemitério do Maruí, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. "Mais do que um hobby, o alpinismo era um refúgio para o Bruno. Fica aqui o pedido para que o governo implante uma legislação própria para o esporte", disse o irmão do alpinista, o professor Luis Eduardo Farias, 30.

Na noite de domingo, dois escaladores da Femerj (Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro) constataram que o cabo de aço por onde Bruno subia se rompeu na Via Cepi, um caminho muito popular entre os alpinistas, fazendo com que ele caísse de uma altura de cerca de 60 metros.

O irmão de Bruno afirmou que, segundo um instrutor, outro grupo havia subido pelo mesmo cabo da Via Cepi cerca de dez minutos antes dele. "Além de experiente, ele era um cara perfeccionista. Tenho certeza de que não houve falta de cuidado da parte dele", afirmou.

Bruno teve traumatismo raqui-medular, lesão medular espinhal e fraturou a sexta e sétima vértebras. O geofísico começou a praticar alpinismo há sete anos. Numa dessas ocasiões, conheceu Andréa Pereira, que virou sua companheira de escalada. Cerca de cem pessoas acompanharam o velório do alpinista, mas Andréa não estava entre elas.

Bruno trabalhava com análise de solos. Casado, ele era descrito pelos amigos como uma pessoa de bem e um excelente profissional.

O caso foi registrado na 10ª DP (Botafogo) como acidente. Durante esta semana, a polícia vai ouvir testemunhas para poder encaminhar a investigação. A trilha do Pão de Açúcar utilizada pelo alpinista foi interditada para realização de perícia, por instrutores de rapel da Acadepol e peritos da Polícia Civil. Além disso, o material usado por Bruno também será periciado pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli.

Será verificado ainda se a vítima estava utilizando equipamento de proteção individual. O resultado das investigações poderá esclarecer se houve falha humana, falha do equipamento ou problemas na trilha.

O caminho escolhido pelos alpinistas para finalizar a escalada foi criado em 1972. No início, a via era considerada perigosa, por causa da facilidade que ela promovia para pessoas menos experientes e sem equipamento adequado, que subiam segurando o cabo de aço, causando muitos acidentes.