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Gravação aponta que estudante de Campinas (SP) pediu socorro à PM antes de ser morto no Guarujá (SP)

Do UOL, em Campinas (SP)

18/02/2013 20h15

Uma gravação divulgada na tarde desta segunda-feira (18) confirmou o pedido de socorro feito à PM (Polícia Militar) pelo estudante Mário dos Santos Sampaio, de Campinas (93 km de São Paulo), antes dele ser morto a facadas em um restaurante do Guarujá (86 km de São Paulo), no litoral, após uma discussão por causa de uma diferença de R$ 7 na conta. A ligação, feita ao 190 –-que dura 3 minutos e 26 segundos-- cai exatamente no momento em que o universitário é esfaqueado, segundo o advogado da família Antonio Gonzales dos Santos Filho.

Jovem foi atacado quando falava com a PM ao celular

“O áudio veio confirmar tudo que foi dito pelas testemunhas. Já foram colhidos 32 depoimentos, entre amigos de Mário, clientes e funcionários do restaurante. A gravação só confirma que o crime foi bárbaro, cruel, covarde e que Mário foi atacado pelas costas, no momento em que falava ao telefone”, disse o advogado.

Na ligação, o estudante pede que a PM envie uma viatura ao local porque, segundo ele, um dos garçons ameaçava clientes com uma faca. Ele passa o endereço do restaurante à atendente do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) e explica que a confusão teve início porque os donos do estabelecimento teriam mudado o preço do prato de comida enquanto os clientes almoçavam.

“Enquanto todo mundo estava comendo, eles mudaram [o valor] e queriam cobrar R$ 20. A gente falou que não ia pagar, aí chegou um dos garçons aqui, fica ameaçando a gente e disse que está me esperando ali fora”, fala segundo antes de ser interrompido por uma voz masculina e cai a ligação.

O advogado informou que em março a família vai entrar com ação indenizatória contra os acusados. Segundo o advogado, a família pretende reaver danos morais e materiais e doar o valor obtido a ao Centro Boldrini, uma instituição de Campinas que atende crianças com câncer.

“A família não havia pensado nisso antes. Mas eu conversei com eles na semana passada, apresentei todas as provas que já temos e eles aceitaram. Mas não querem nem R$ 1. Todo o valor será doado”, afirma.

Mesmo com o inquérito concluído, a Polícia Civil marcou a próxima quinta-feira (21) a reconstituição do caso. O resultado desse trabalho será anexado ao processo criminal. A Justiça já aceitou a denúncia contra os envolvidos, que são réus no processo.

O caso

Sampaio foi morto a facadas na véspera do Ano Novo por José Adão Pereira Passos, 55, dono do restaurante onde havia feito uma refeição com a namorada e os amigos. Eles passariam a virada de ano juntos na praia. Após o estudante discordar do valor da conta (uma diferença de R$ 7), uma discussão entre Sampaio, o dono do restaurante, o filho dele e o garçom foi iniciada dentro do estabelecimento.

Depois de toda a confusão, segundo a polícia, o dono do restaurante foi à cozinha, voltou com a faca e golpeou Sampaio. José Adão foi preso nove dias após o crime. De acordo com a polícia, o suspeito escondeu provas, intimidou testemunhas e atrapalhou a investigação. Diego, o filho dele, foi preso no dia 15 de janeiro. O garçom está foragido.