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Relação de assassinatos na Mangueira com escola de samba não está descartada, diz delegado

O comércio na região do morro da Mangueira fechou por dois dias nessa semana - Thiago Lontra/Agência O Globo
O comércio na região do morro da Mangueira fechou por dois dias nessa semana Imagem: Thiago Lontra/Agência O Globo

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

22/02/2013 15h00Atualizada em 22/02/2013 16h23

O delegado que investiga os dois homicídios cometidos esta semana no morro da Mangueira, na zona norte do Rio de Janeiro, e o assassinato do traficante Acir Ronaldo Monteiro da Silva, conhecido como 2K, ex-chefe do tráfico na localidade, não descartou a possibilidade de os crimes estarem ligados à briga pelo comando da escola de samba Estação Primeira de Mangueira, que hoje é presidida pelo sambista Ivo Meirelles.

"Não podemos ignorar essa possibilidade no momento, mas aparentemente eles têm apenas uma motivação", declarou Rivaldo Barbosa, titular da Divisão de Homicídios (DH) da Capital da Polícia Civil do Rio, sem querer dar informações mais precisas sobre o que teria motivado os assassinatos. Em entrevista coletiva concedida no início da tarde desta sexta-feira (22), ele divulgou as fotos e os nomes de três suspeitos de matar o segurança da quadra da Mangueira no domingo (17).

Alan Carlos da Silva Silvio, 24, foi capturado pelos criminosos na comunidade, na zona norte da capital fluminense, teve o corpo carbonizado e colocado no porta-malas de um carro, também queimado. O morro da Mangueira possui uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) desde novembro de 2011. Sobre o fato de o crime ter ocorrido em um morro pacificado, Barbosa afirmou que "nenhuma polícia do mundo é onipresente".

De acordo com o delegado, os três homens que estão sendo procurados pela polícia estariam envolvidos com o tráfico de drogas na região e teriam participado efetivamente do assassinato de Alan. São eles Reinaldo Santos de Sena, conhecido como Dedé, 28, André Luiz Pereira da Silva, 20, e Marcus Vinícius da Silva Monteiro, o Quinho, 33. Os mandados de prisão contra os foragidos foram decretados nesta quinta-feira (21). Segundo Barbosa, desde então os policiais estão em diligência para encontrá-los.

O delegado declarou que está investigando a ligação entre este homicídio e as mortes do traficante 2K, também na noite do dia 17, na frente do condomínio de luxo onde ele estava morando, no Recreio dos Bandeirantes, e do integrante da bateria da Mangueira Jefferson Fernandes Oliveira, 21, na madrugada de segunda (18). O delegado afirmou que certamente há outras pessoas envolvidas nos crimes.

  • Divulgação/Polícia Civil

    Imagem divulgada pela polícia dos três suspeitos de matar o segurança da quadra da Mangueira

O presidente da escola, Ivo Meirelles, prestou depoimento na DH na tarde desta quinta (21). "Os esclarecimentos dele foram muito importantes, mas também trabalhamos com outras formas de apuração. Tudo o que for apurado será encaminhado para o Ministério Público e para a Justiça", disse o delegado. Na quarta-feira (20), o juiz titular da 39ª Vara Criminal, Ricardo Coronha Pinheiro, decretou as quebras dos sigilos fiscal, bancário e telefônico de suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas no morro da Mangueira. O presidente da escola de samba da comunidade está entre eles.

Os inquéritos que investigam os três assassinatos estão sob a responsabilidade do titular da Divisão de Homicídios. A determinação da Polícia Civil de que um delegado cuidasse dos três casos se deu pelo forte indício de ligação entre eles.

Denúncias

Segundo o delegado, a polícia chegou aos nomes dos três criminosos por meio de investigação e, principalmente, de denúncias. "Como o fato ocorreu em uma UPP, é mais fácil que a população colabore", avaliou. Quem tiver informações sobre os foragidos pode ligar para o Disque-Denúncia pelo telefone (21) 2253-1177.

Tensão

Por conta dos assassinatos, os moradores e comerciantes dos morros da Rocinha e do Tuiuti, vizinhos, viveram momentos de tensão no início da semana. Por determinação dos traficantes, o comércio amanheceu fechado na segunda-feira (18). O policiamento nas comunidades, feito por policiais da UPP, foi reforçado por homens de outras unidades, que se juntaram aos 400 que já atuam na região.