Topo

Após retirada de 65 t de peixes da lagoa, desodorante alivia mau cheiro no Rio

Carolina Farias

Do UOL, no Rio de Janeiro

14/03/2013 12h59Atualizada em 14/03/2013 17h03

Em três dias, 65 toneladas de peixes mortos foram retirados da lagoa Rodrigo de Freitas, localizada em área nobre da zona sul do Rio de Janeiro. Somente na quarta-feira (13), foram recolhidas 33 toneladas pela Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana), que para amenizar o mau cheiro está desodorizando a lagoa. Nos locais de onde os peixes são retirados, a empresa joga desodorante diluído em água de reuso, mesmo procedimento feito na limpeza de ruas após as feiras-livres.

A mortandade dos peixes é causada pelo baixo nível de oxigênio da água da lagoa após as chuvas que atingiram o Rio nesta semana. A água das tempestades levou muita matéria orgânica para a lagoa, e esse material usou todo o oxigênio dissolvido na água para se decompor. 

O índice de oxigênio chegou a zero de terça-feira (12) para quarta, o que causou a mortandade. Nesta quinta, segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o nível é de 1.6 de oxigênio, considerado baixo, mas acima da expectativa --o nível ideal varia entre 4 e 7. De acordo com a pasta, nesta quinta não houve mortandade, e os peixes que estão sendo retirados morreram nos outros dias e estavam em áreas que ainda não haviam sido alcançadas pelas equipes de limpeza.

Além das espécies pequenas savelha, manjubinha e acará, grande maioria dos peixes mortos recolhidos até quarta, nesta quinta também foram vistas espécies maiores, como robalo e tainhas. 

O trabalho de retirada dos peixes continua sendo feito com três catamarãs da Comlurb, com apoio de dois barcos do clube Caiçaras, que fica na lagoa. Uma empresa particular ofereceu gratuitamente o serviço de recolhimento dos peixes e também auxilia nos trabalhos. Os animais mortos estão sendo levados para a estação de compactação de lixo no Caju, zona norte do Rio, e depois vai para o aterro sanitário de Seropédica, na Baixada Fluminense.

Monitoramento

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente afirmou que continua o monitoramento na lagoa 24 horas por dia e, a cada hora, uma boia que fica no meio da lagoa emite boletins que são analisados em tempo real. A população tem acesso a essa informação diariamente, no site da secretaria e na própria lagoa, já que bandeiras de cores verde, amarela e vermelha indicam a qualidade.

Superpopulação 

Na quarta, o secretário da pasta, Carlos Alberto Muniz, disse que a superpopulação de peixes da lagoa, principalmente da espécie savelha, que teve período de desova no fim de fevereiro, também favoreceu a mortandade.

"A única coisa que poderíamos ser mais proativos era na diminuição da população de peixes. Essa superpopulação colaborou, além das condições adversas, como as duas chuvas fortes nessa semana", afirmou Muniz.

Ele afirmou que, para o próximo ano, entre os meses de janeiro e março, a secretaria vai estimular a pesca na lagoa, em uma ação com a comunidade de pescadores da área, além da Secretaria de Esporte e o Ministério da Pesca.

Cinturão

Desde 2007, a Cedae (Companhia Estadual de Água e Esgoto) realiza o programa Lagoa Limpa, com uma série de obras de saneamento na região, totalizando investimentos de R$ 148 milhões para eliminar o lançamento de esgotos na lagoa. Como parte do programa, foi feito um "cinturão sanitário" com 3,9 km de rede coletora de esgoto, uma galeria de cintura ao redor da lagoa (que capta inclusive esgoto clandestino lançado nas galerias de águas pluviais) e a reforma e modernização das oito elevatórias de esgoto que bombeiam toda a carga orgânica para o emissário de Ipanema.

Na quarta, a Cedae vistoriou as redes e as elevatórias de esgotos da região e não foi encontrado nenhum vazamento ou problema elétrico ou mecânico em nenhum dos equipamentos.