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Após mortandade, 2,8 t de peixes foram pescadas na lagoa Rodrigo de Freitas

Akemi Nitahara

Da Agência Brasil, no Rio

14/03/2013 18h37

O coordenador de Recursos Hídricos da Smac (Secretaria Municipal do Meio Ambiente), Alexandre De Bonis, afirmou nesta quinta-feira (14) que os pescadores informaram que foram pescados na lagoa Rodrigo de Freitas, localizada em área nobre do Rio de Janeiro, 280 quilos de peixe na segunda (11), 480 quilos na terça (12) e 2,8 toneladas na quarta-feira (13), já que os peixes grandes estavam na superfície, onde é maior a concentração de oxigênio.

Pelo terceiro dia seguido, a lagoa amanheceu coberta por peixes mortos. De acordo com a Smac, uma conjunção de fatores levou à falta de oxigênio na água, provocando a mortandade. Foram recolhidas no local, desde terça-feira, 65 toneladas de peixes.

“Quando está com a maré alta, as comportas são abertas para entrar água oxigenada na lagoa, para melhorar a qualidade da água. Mas nós temos tido marés baixas e tem entrado pouca água na lagoa”, explicou. Segundo ele, “fevereiro e março é o período de desova da savelha, que corresponde a 95% dos peixes da lagoa e é a espécie suscetível a essa falta de oxigênio”.

Segundo De Bonis, a savelha não é pescada porque não tem valor comercial. “Estamos vendo a possibilidade de eles [os pescadores] serem remunerados para pescarem a savelha, mas ainda não chegamos a um acordo”.

O coordenador disse que quatro fatores afetaram a qualidade ambiental da lagoa nos últimos dias e provocou o desastre ambiental: as fortes chuvas, que levaram óleo e matéria orgânica para a água; a desova da savelha; o forte calor que expulsa o oxigênio dissolvido na água; e a maré baixa.

O último Boletim da Lagoa, com os dados de ontem, mostra que cerca de 70% da lagoa estavam impróprios para atividade recreativa, e a qualidade da água estava em estado crítico. O nível de oxigênio dissolvido estava de crítico a estado de alerta. Segundo De Bonis, a lagoa Rodrigo de Freitas é monitorada 24 horas por dia, mas nem sempre é possível evitar problemas como esse.

“Nós temos um programa de gestão, um plano de contingência, que é sempre acionado quando chega um momento crítico, só que, infelizmente, às vezes a gente não consegue atender a certas coisas. Tudo está sendo feito realmente para evitar isso, tanto que a última mortandade de peixes foi em 2009. Mas essa soma de fatores trouxe esse clímax negativo para a lagoa”.

A hipótese de esgoto despejado na lagoa foi negada pela Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos). Segundo a empresa, a prática foi abolida em 2007, com a implantação do plano de ação de contingência e investimentos de R$ 148 milhões em infraestrutura de saneamento no entorno da lagoa Rodrigo de Freitas. De acordo com a Cedae, o sistema passou por uma vistoria na quarta, após o aparecimento dos peixes mortos, não sendo encontrada nenhuma avaria.