Dia de protesto tem 60 rodovias fechadas e ocupações em 17 Estados, diz MST
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) divulgou balanço, no final da tarde desta quarta-feira (17), da série de mobilizações realizadas em todo o país para lembrar os 19 mortos no massacre de Eldorado dos Carajás (PA), ocorrido há 17 anos. Segundo o movimento, foram fechadas 60 rodovias e realizados atos, com ocupações e protestos em 17 Estados.
Foram promovidas ações em Pernambuco, Rio Grande do Sul, Ceará, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Pará, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Sergipe, Mato Grosso, Rondônia, Maranhão, Goiás e Piauí.
As manifestações fazem parte da chamada jornada nacional de luta pela reforma agrária, também conhecida como "Abril Vermelho". Neste ano, a jornada do MST também cobra a presidenta Dilma Rousseff a lançar um plano emergencial para o assentamento das 150 mil famílias no País.
Segundo o movimento, o atual governo é o que menos assentou trabalhadores desde governo Fernando Collor.
Interdições
O maior número de rodovias fechadas aconteceu no Paraná, onde 20 rodovias foram interditadas nesta manhã. Foram bloqueadas estradas em Cascavel, Ramilândia, Clevelândia, Renascença, Londrina, Guairaçá, Nova Esperança, Santo Inácio, Faxinal, Tamarana, Porecatu, Arapongas, Pitanga, Ivaiporã, Ponta Grossa, Rio Bonito do Iguaçu, Quedas do Iguaçu, Luiziana, e Mandaguari.
Além disso, cerca de 150 sem-terra realizam um ato em frente ao Tribunal de Justiça. O MST cobra, no Estado, o julgamento dos crimes ocorridos em causas fundiárias. No Estado, o movimento contabiliza 19 assassinatos, entre 1994 a 2009, e somente quatro foram julgados.
Em Pernambuco, cerca de 3.200 trabalhadores sem-terra fecharam 12 rodovias no Estado. Eles também ocuparam as prefeituras de Goiana e Moreno.
Cerca de 100 famílias do MST também já haviam ocupado, na terça-feira (16), o Engenho Pimentel, localizado no município de Santo Agostinho, região metropolitana do Recife. Foi o sétimo latifúndio ocupado no estado ao longo dessa semana.
Em Sergipe foram 10 rodovias fechadas. Somente a BR-101 foi fechada em quatro pontos, enquanto a BR-235 foram fechados em outros dois locais. Outras quatro estradas estaduais foram bloqueadas nos municípios de Lagarto, Malhador, Canindé, Gararu.
Em São Paulo foram duas rodovias fechadas: a Anhanguera, no município de Sales de Oliveira; e a Raposo Tavares, em Sorocaba. No Vale do Paraíba, famílias ocuparam o escritório do Instituto Biosistêmico.
Em Belo Horizonte, os sem-terra fecharam o anel rodoviário, no início da manhã, e causaram um grande congestionamento no bairro Betânia, região oeste da capital mineira.
Além de lembrar o massacre de Eldorado, o movimento cobra também a condenação dos fazendeiro Adriano Chafik, acusado de ser mandante do Massacre de Felisburgo, ocorrido no Vale do Jequitinhonha, em novembro de 2004, quando cinco sem-terra foram mortos e 20 ficaram feridos.
O julgamento está marcado para 15 de maio.
Em Rondônia, os sem-terra fecharam cinco trechos da BR-364 para cobrar o assentamento de 800 famílias acampadas. No Mato Grosso, foram fechadas em dois pontos a BR-070. No Maranhão, o alvo foi a BR-222.
No Pará, jovens sem-terra que participam do acampamento que lembra anualmente as vítimas do massacre fecharam a rodovia PA-150, na altura da Cursa do S, local onde aconteceu o Massacre de Eldorado dos Carajás.
O acampamento reúne jovens desde o dia 11 de abril e conta com a participação de integrantes do movimento de vários Estados. Em Belém, 400 trabalhadores rurais estão acampados na praça Mártires de Abril, que foi construída em homenagem às 19 vítimas do massacre.
No Piauí, cerca de 800 sem-terra ocuparam fazenda Atalaia, a 30 km de Teresina, depois de fecharem uma avenida por 21 minutos na capital.
Protestos e ocupações
Além de fechar rodovias, foram realizados diversos protestos pelo país. No Rio, ao lado do movimento dos Atingidos pela Vale, o MST realizou um ato em frente à assembleia de acionistas da empresa, no centro do Rio de Janeiro. Eles reclamaram de violações cometidas pela Vale e exigiram reparações aos grupos impactados.
A assembleia de acionistas precisou ser mudada de local.
O Rio Grande do Sul, cerca de 1.500 integrantes do MST e de outros movimentos ocuparam o prédio da Secretaria de Educação do Estado, em Porto Alegre. Eles exigem do governo investimentos na educação pública nas áreas de assentamentos.
Uma comissão de representantes dos movimentos foi recebida pela secretária-adjunta, Maria Olalia, que recebeu a pauta de reivindicações dos sem-terra.
Em Salvador, os manifestante realizaram um ato político em frente à Assembleia Legislativa. Eles pediram que seja investigada a morte de Fábio Santos da Silva, coordenador do MST assassinado com 15 tiros, no início do mês, em Iguaí, sudoeste baiano.
No Ceará, os manifestantes ocuparam a sede do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra às Secas) para pedir uma reunião com representantes de órgãos federais e fazer reivindicações para amenizar os problemas causados pela estiagem prolongada.
Segundo o MST, está marcada audiência com o governador Cid Gomes (PSB) para essa quinta-feira (18), quando serão discutidas questões ligadas à estrutura de assentamentos e acampamentos e ações de combate aos efeitos da seca.
Em Goiás, 500 pessoas do MST ocuparam a superintendência do Incra (Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária), em Goiânia.
Em Alagoas, uma marcha percorreu as ruas da cidade até o Fórum de Justiça, que abriga processos envolvendo crimes ligados à disputa pela terra na região.
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