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Dona de restaurante com bandeira do Bope no Rio diz que turistas vão querer entrar

Mulher hasteia bandeira na Ladeira dos Guararapes, zona sul do Rio, durante ocupação pelo Bope - Zulmair Rocha/UOL
Mulher hasteia bandeira na Ladeira dos Guararapes, zona sul do Rio, durante ocupação pelo Bope Imagem: Zulmair Rocha/UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

29/04/2013 11h31Atualizada em 29/04/2013 14h19

A moradora da Ladeira dos Guararapes, zona sul do Rio de Janeiro, Ana Lúcia Nunes afirmou, nesta segunda-feira (29), que espera um aumento no número de turistas que visitam seu restaurante, agora que ele tem uma bandeira do Bope (Batalhão de Operações Especiais) hasteada. Ana Lúcia foi a primeira moradora de uma comunidade a auxiliar os homens do Bope a hastearem a bandeira da corporação, juntamente com a do Brasil, após a ocupação das comunidades -- Guararapes, Cerro-Corá e a Vila Cândido.

“Vai melhorar muito, porque os turistas vão olhar a bandeira e querer entrar no restaurante. Os turistas vão ter mais segurança a partir de agora”, afirmou a dona do estabelecimento. Para ela, a chegada da UPP vai levar “melhorias e projetos para adolescentes” à favela. “Até então, a comunidade não tinha projetos sociais. Não tinha nada, era totalmente abandonada. Com a chegada da UPP, vai melhorar para todo mundo.”

Ela admite, no entanto, que a Ladeira dos Guararapes é uma localidade tranquila, sem grandes registros de violência. “Foi meio de surpresa para a comunidade. Até então, a comunidade não tinha muitos perigos. Era tranquilo. Mas a gente realmente não esperava”, contou.

A favela do Cerro-Corá, próxima a um dos principais pontos turísticos do Rio, o Cristo Redentor, e possivelmente parte do roteiro da visita do papa Francisco ao Rio de Janeiro por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, "furou a fila" no processo de implantação de UPPs em comunidades cariocas. O evento será realizado entre 23 e 28 de julho.

A próxima comunidade na fila seria o Complexo da Maré, na zona norte, que agora deve ficar para o segundo semestre deste ano. Com cerca de 130 mil moradores, a Maré é rota obrigatória para quem chega ao Rio pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim e precisa se deslocar em direção ao centro ou à zona sul.

Clique na imagem para ver o mapa das UPPs no Rio

  • Arte/UOL

Ocupação

Em 30 minutos, policiais militares ocuparam na manhã desta segunda-feira as favelas do Cerro-Corá, Guararapes e Vila Cândido, na zona sul do Rio, para dar início à instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na região. Esta será a 33ª UPP da cidade.

Veja onde fica a comunidade do Cerro-Corá

  • Arte/UOL

O relações públicas da PM, Frederico Caldas, confirmou que a questão da vinda do papa influenciou a ocupação da favela. "Indiscutivelmente, a jornada vai fazer com que o fluxo de pessoas aumente ainda mais, inclusive com a presença do papa. Sem dúvida alguma, a ocupação favorece ainda mais a segurança agora por conta do encontro dos jovens com o papa", disse.

De acordo com o COE (Comando de Operações Especiais) da Polícia Militar, cerca de 420 homens do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), do Batalhão de Choque, do Grupamento Aeromóvel e do Batalhão de Ações com Cães participam do processo de implantação da UPP na região.

A operação, que começou às 5h, é realizada na favela do Cerro-Corá e nas comunidades dos Guararapes e da Vila Cândida, no Cosme Velho. De acordo com o Instituto Pereira Passos (com base no censo do IBGE de 2010), 2.803 pessoas vivem nessas comunidades.

O carro blindado da polícia, conhecido como caveirão, e um helicóptero da PM dão apoio nos trabalhos. Até as 11h, haviam sido apreendidos em um terreno baldio três tabletes de maconha, três radiotransmissores com carregadores e baterias e grande quantidade de munição para pistolas e fuzis.

Uma unidade móvel do Instituto de Identificação Félix Pacheco foi instalada próximo ao Cerro-Corá para realizar a identificação biométrica e facilitar a identificação de possíveis criminosos. A Polícia Civil disponibilizou também um ônibus itinerante da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam). Apreensões e suspeitos detidos serão encaminhados à 9ª DP (Catete).

A previsão é que no fim de maio seja instalada uma UPP na localidade, onde cerca de 190 homens da polícia devem atuar de forma permanente. A política de ocupação prevê que até a Copa do Mundo de 2014, o Rio de Janeiro conte com 40 UPPs em funcionamento e que todas as favelas da cidade estejam ocupadas em 2016, quando a cidade organizará os Jogos Olímpicos.(Com EFE)