Chefe da Polícia Civil do Rio diz que caso de cena de crime forjada terá "punição exemplar"
A chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, delegada Martha Rocha, afirmou neste domingo (12) que eventuais erros da polícia em operação na favela do Rola terão "punição exemplar", segundo nota divulgada hoje pela polícia.
Um vídeo gravado pelo próprios policiais que participaram da ação na zona oeste do Rio de Janeiro, e divulgado pelo jornal "Extra" neste sábado (11), mostra agentes alterando uma cena de crime e mudando cadáveres de lugar para aparentemente forjar um auto de resistência --caso de morte provocada durante confronto com a polícia. Antes, eles atiram, de um helicópetro, contra os suspeitos que estão em terra.
A delegada também determinou que as cinco mortes resultantes da ação sejam investigadas pela Corregedoria da Polícia Civil. "Todas as providências para apurar as circunstâncias da operação foram tomadas tão logo tomei conhecimento do caso. A Chefia de Polícia Civil não compactua com erros nem excessos, que terão punição exemplar, a partir do trabalho da Corregedoria Interna da Polícia Civil", afirma Martha, na nota.
A delegada diz ainda que "o papel do policial é proteger vidas e agir dentro da lei. O princípio da Polícia Civil é prender e não matar", segundo a nota.
Martha Rocha comentou também as declarações da ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, de que a pasta iria cobrar explicações do governo do Rio sobre a operação. "A Polícia Civil tem o mesmo interesse da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que é a busca pela verdade", afirma a delegada.
A operação que aparece no vídeo foi realizada por policiais do Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), com apoio de helicóptero e carro blindado. Ao que parece, a parte que mais incrimina os policiais foi gravada sem querer, como mostra parte da filmagem em que um dos homens pede para que o outro desligue a câmera que está acoplada a seu capacete –o que não aconteceu.
As imagens gravadas na Favela do Rola foram feitas por duas câmeras, uma estava em um helicóptero e a outra afixada ao capacete de um dos policiais. A operação, em uma área densamente povoada, ocorreu no dia 16 de agosto de 2012, com direito a distribuição de tiros desde uma das duas aeronaves usadas na ação.
Uma vítima é encontrada em uma casa vizinha e desarmada é deslocada pelos policiais para o bar onde estão outros suspeitos mortos, o que mostra uma clara obstrução do trabalho da perícia para apurar como aconteceram as mortes.
Ainda de acordo com a nota da Polícia Civil, como resultado desta operação, foram apreendidos quatro fuzis, uma espingarda calibre 12, duas pistolas, quatro carregadores e 67 cartuchos, além da apreensão de mais de 9 kg de cocaína, 334 g de maconha, 62,9 g de crack e 42 frascos de solvente orgânico, bem como de R$ 981,25.
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