Topo

Casas de 150 famílias foram destruídas em incêndio no Rio; favela será removida

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

15/05/2013 15h29Atualizada em 15/05/2013 17h17

Cerca de 200 famílias viviam na favela Bandeira 1, em Maria da Graça, na zona norte do Rio de Janeiro, que fica embaixo do viaduto Engenheiro Alvarino José da Fonseca e foi destruída por um incêndio no início da tarde desta quarta-feira (15). Segundo o subprefeito da zona norte, André Santos, o fogo atingiu as casas de 150 famílias. As outras 50 também serão retiradas, e o local deixará de ter moradores. Três pessoas ficaram feridas durante o incêndio.

"Estamos fazendo o cadastro das pessoas para levar para um abrigo da prefeitura na Ilha do Governador e para todas as famílias receberem o aluguel social. Algumas pessoas vão para casa de parentes. O viaduto ficará interditado até o fim de semana para revisão da estrutura", disse Santos.

Moradores contam que perderam tudo

  • Julia Affonso

    "Cheguei aqui na favela há um ano, sem nada. Tudo o que eu conquistei pegou fogo, só sobrou a chave da minha casa. Pedi a um menino pra entrar e pegar minha identidade, que estava ao lado da porta, e ele conseguiu", diz Kelly Silveira, 20

O secretário municipal de Habitação, Pierre Batista, informou que as vítimas receberão o primeiro aluguel social em 48 horas. Duas tendas com funcionários da Defesa Civil e da Secretaria Municipal de Assistência Social foram montadas na subida do viaduto para atender os moradores. Segundo a Batista, cerca de 800 pessoas moravam no local.

"Essa era uma habitação informal. Todas as pessoas que moravam aqui eram cadastradas na secretaria. Elas precisam apresentar identidade e CPF para receber o aluguel social de R$ 400 em 48 horas", explicou o secretário Pierre Batista. "Depois eles poderão entrar no programa Minha Casa Minha Vida."

De acordo com o comandante do quartel do Méier, tenente-coronel Demetrius Saldanha, um homem que inalou fumaça tóxica foi levado para o Hospital Municipal Salgado Filho, e duas mulheres com queimaduras leves foram para o Hospital Federal do Andaraí.

"Essas pessoas tentaram entrar nas casas para pegar objetos, mas nós retiramos. Em dez minutos, nós tínhamos o controle do fogo. A extinção do incêndio só vai se dar com o rescaldo”, explicou o comandante. “A maior dificuldade nessa área se deu porque o ar quente não saía, ele ficava ‘preso’ no viaduto."

Uma moradora que não quis se identificar contou que perdeu quase tudo --conseguiu salvar apenas parte de uma estante com um rádio. "Nem terminei de pagar as prestações dessa estante. Perdi tudo. Não quero ir para abrigo não, quero uma ajuda decente, uma casa direita", disse ela.

Terceira vez

Segundo o subprefeito da zona norte, a principal suspeita é de que um curto circuito tenha iniciado o fogo. O presidente da Associação de Moradores da Favela Bandeira 2, Marcos Rodrigues disse que o local tinha muitos problemas de descarga elétrica. De acordo com ele, havia muitos fios desencapados no local.

Rodrigues afirmou que este foi o pior incêndio que atingiu a favela. Segundo ele, antes deste, houve outros três na área --um há três anos, e outros dois no ano anterior. Segundo moradores, havia muito gato de luz no local. "Tinha muito gato aqui, muito fio desencapado. Toda vez que ventava forte acabava a luz. Minha geladeira já tinha queimado mil vezes", contou o entregador Jean Souza, 20, morador do local havia dois anos.