Com novos equipamentos, CPTM detectou 144 defeitos de janeiro a abril
O uso de equipamentos modernos que verificam os trilhos de modo mais detalhado permitiu a partir de 2013 à CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) detectar, em menos de quatro meses, 144 defeitos nas suas vias. Eles podem variar de pequenas bolhas na formação do aço, que exigem apenas acompanhamento, a problemas de solda que podem pedir correção imediata.
Operador conduz carro-controle para trecho que será analisado com ultrassom
Alexandro Silva inspeciona o sistema de análise dos trilhos por ultrassom. Recurso detecta fissuras e bolhas no aço causadas por problemas na solda ou na forja do trilho
Quando um problema é detectado pelo sistema do veículo, os técnicos descem e fazem uma análise detalhada, com um aparelho mais sensível
A reportagem do UOL acompanhou por duas noites os serviços de manutenção e limpeza da companhia, realizados diariamente das 0h às 3h45.
“Os nossos intervalos de manutenção, encerrando o tráfego à meia-noite, ele volta as 3h45, então você tem este intervalo para fazer manutenção, e ainda conviver com os trens de carga no horário”, diz Paulo de Almeida, responsável por sistemas mecanizados, a bordo de um veículo de R$ 20 milhões, uma das grandes apostas para melhorar a manutenção dos trilhos, alguns com meio século de idade.
“O carro controle monitora toda a via. No trilho, ele verifica com um ultrassom, e, quando é detectado algum problema, nosso técnico desce para fazer uma inspeção fina”, afirma Almeida.
Em um trecho de 8 km checados em uma noite, Alexandro Silva e Francisco Assis desceram três vezes para checar irregularidades nos trilhos. Segundo eles, nenhum dano sério, que exija troca ou reparo imediato.
No ano, até abril, foram 144 falhas semelhantes, detectadas por ultrassom, no carro que começou a funcionar em 2013.
Reformar casa ocupada
Montada a partir de três diferentes empresas, a Sorocabana, a Central do Brasil e a Santos-Jundiaí - conhecida como Inglesa - em 1992, as linhas da atual CPTM ficaram décadas sem modernização.
Segundo a empresa, no entanto, atualmente são feitos investimentos para reverter o quadro. O principal problema no processo é descrito como "reformar a casa sem sair dela".
Assim descreve Gustavo Jaquie, engenheiro de manutenção especializada, a reforma nas oficinas, comandadas por ele.
“Nosso principal problema é o vandalismo. A troca de um para-brisa paralisa um trem por um dia e meio. Trocas de roda, etc, são feitas sob acompanhamento, sabe-se quando é preciso ser feito, e nos preparamos antes, o que não acontece com o vandalismo."
Ele afirma ainda que a cobrança aumenta conforme melhora a qualidade do serviço prestado.
“Há 10, 15 anos, o intervalo entre os trens era de 15 minutos. Hoje, é cerca de 4. Se demora 6, 8, o usuário se irrita, mas isso era um intervalo bom há um tempo”, diz.
Ocorrências notáveis
A irritação e os casos de vandalismo aumentam, no entanto, quando o atraso é causado por uma pane, uma colisão, uma queda de árvore ou mesmo um incêndio no centro de controle, como ocorrido no início de abril.
Em casos assim, classificados como "ocorrências notáveis" pela CPTM, é acionado o Paese (Plano de Atendimento entre Empresas de Transporte em Situação de Emergência), colocando ônibus à disposição dos usuários gratuitamente.
Segundo a companhia, foram registrados, nos primeiros quatro meses de 2013, dez casos do tipo. Um a mais que em 2012.
Tecnologias ultrapassadas são responsáveis por parte das ocorrências. Construídas em grande parte antes da década de 1980, as linhas aéreas, que abastecem os trens com energia, são do tipo fixo, que se rompem com mais facilidade com as variações de temperatura.
No alto de um veículo para inspeção da rede aérea da linha 8, feita manualmente por técnicos, Alberth Souto, engenheiro, afirma que já existe um novo sistema.
"Temos o novo sistema em parte de algumas linhas, e o futuro é instalar em todas. Mas é difícil fazer uma obra desse tamanho sem prejudicar a operação."
Lixo nos trilhos
Nem só de trilhos e redes elétricas vive a CPTM. Todos os dias, cerca de 2,7 milhões de pessoas passam pelas 92 estações, espalhadas em seis linhas. E deixam sua marca.
De modo tímido, Aparecido de Carvalho, encarregado de limpeza, conta que recolhe, por noite, cerca de dez sacos de lixo dos trilhos da estação Brás.
Robson Vichimo, seu colega há dois meses, é mais enfático: “Se olhar no saco o que há de garrafa pet. E eles ficam avisando a toda hora ‘use as lixeiras da estação’, mas as pessoas não cooperam, aí nós ficamos nos matando aqui."
Vichimo ainda conta que nem tudo é lixo. “Aqui você acha de tudo. Na hora do desespero a pessoa deixa cair celular, chave, aliança.”.
E o trabalho segue até que se escuta no alto falante: "Estamos iniciando nossas operações. Bom dia". O dia ainda nem começou.
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