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Governo não tem mais espaço para desonerações, diz Mantega sobre tarifas

Aiuri Rebello*

Do UOL, em Brasília

19/06/2013 16h47Atualizada em 19/06/2013 17h39

Após reunião com parlamentares nesta quarta-feira (19), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o governo não tem mais espaço para cortar impostos que incidem sobre as tarifas de transporte público no país. Segundo o ministro, "a parte mais salgada da conta já foi reduzida".

As desonerações que o governo já fez têm um impacto de 10%, em média, no custo do transporte por trilhos (metrô e trens) e 7% nas tarifas de ônibus, segundo o ministério da Fazenda. Esses descontos seriam decorrentes da desoneração da folha de pagamento, feita em janeiro, e do PIS/Cofins.

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"O governo federal fez a desoneração e cabe aos entes federados discutir com setor de transportes. Eles têm suas planilhas de custos", disse. "Não vou entrar em discussão de tarifa, isso é questão dos governos estaduais e municipais", afirmou.

Entre essas desonerações, o ministro citou a redução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) incidente sobre o diesel, realizada no ano passado, que "representa algo como R$ 10 bilhões por ano". Mantega disse que as desonerações que podem ser feitas já foram anunciadas pela ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

Ele disse ainda não saber se esses incentivos "entraram na conta" dos governos dos Estados e prefeituras, mas disse que havia falado sobre o assunto com os prefeitos. "Desde o ano passado, eu já avisava os prefeitos que levassem em conta que a partir de janeiro haveria desoneração da folha de pagamentos. Tinha avisado também que seria feita desoneração de PIS (Programa de Integração Social)/Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) sobre tarifas", declarou. "É um conjunto de fatores que torna custo da cadeia de transportes menor. Isso tem de ser negociado com prefeitos e governadores. Cabe a eles discutir", acredita.

Ontem, Gleisi Hoffmann que duas desonerações feitas pelo governo federal permitem que municípios façam reajustes menores nas tarifas de ônibus ou reduzam o preço nos casos em que o reajuste já foi feito, com queda de 7,23%. "As duas desonerações promovidas pelo governo federal dão cerca de 7,23% de redução no custo, o que é, em média, R$ 0,20 centavos para a tarifa. Isso propicia aos municípios uma redução desse total, ou um reajuste menor nas tarifas de ônibus", disse a ministra.

No caso de São Paulo, segundo a ministra, as tarifas poderiam ser reduzidas em até R$ 0,23.

No entanto, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), "corrigiu" a ministra e afirmou ao UOL que "o reajuste da tarifa de ônibus no município já foi feito com base nas desonerações do governo federal" (as passagens passaram de R$ 3 para R$ 3,20 no começo do mês).  "A tarifa em São Paulo já foi reajustada com a desoneração que seria possível. Se levássemos em conta a inflação, o valor ficaria em R$ 3,47", afirmou Haddad.

Projeto de lei

Estiveram presentes na reunião o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), e o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), relator do projeto de lei 310/2009 na Câmara dos Deputados.

O PLC 310/2009 cria o Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros (Reitup). A desoneração tributária, de acordo com o projeto, acontecerá a partir da adesão de Estados e municípios, que concordarão em abrir mão da sua fatia de impostos.

De acordo com Mantega, "seria preciso que o projeto [de lei] fosse readequado, levando em conta as reduções já feitas".

Os protestos

O sexto protesto contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo, realizado na noite desta terça-feira (18), foi marcado por saques a lojas, destruição de agências bancárias e a depredação do edifício Matarazzo, sede da Prefeitura de São Paulo. Tanto os saques quanto a passividade da Polícia Militar durante ações de vândalos diferenciaram o ato dos demais, que ou ocorreram pacificamente, como nessa segunda (17), ou foram fortemente reprimidos pela PM, como na quinta-feira (13).

Segundo o instituto Datafolha, cerca de 50 mil pessoas participaram da sexta manifestação.

O Movimento Passe Livre marcou para a próxima quinta-feira (20) a sétima manifestação: será às 17h, na Praça do Ciclista, na Paulista.

Nesta quarta-feira, acontecem protestos em Brasília, Belo Horizonte e Fortaleza, entre outras cidades.

(Com Agência Estado e Valor Online)

OS PROTESTOS EM IMAGENS (Clique na foto para ampliar)

  • Manifestante tenta invadir a sede da Prefeitura de São Paulo, na região central da cidade

  • Carro de TV Record é incendiado em frente à Prefeitura de São Paulo durante protestos

  • Manifestante corre ao lado de estabelecimento comercial em chamas no centro de São Paulo

  • PM espirra spray de pimenta em manifestante durante protesto no Rio

  • Em Brasília, manifestantes conseguiram invadir a área externa do Congresso Nacional

  • Milhares de manifestantes tomam a avenida Faria Lima, em SP

  • Após protesto calmo em SP, grupo tenta invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo

  • Manifestantes tentam invadir o Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio

  • Um carro que estava estacionado em uma rua do centro do Rio foi virado e incendiado

  • Cláudia Romualdo, comandante do policiamento de Belo Horizonte, posa com manifestantes

Protestos se espalham pelo Brasil
Protestos se espalham pelo Brasil
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