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"Também somos movimento social", diz morador de ocupação vandalizada no protesto de SP

"Não faz sentido eles atacarem nossa ocupação", disse o sem-teto Antonio Francisco - Gil Alessi/Do UOL
"Não faz sentido eles atacarem nossa ocupação", disse o sem-teto Antonio Francisco Imagem: Gil Alessi/Do UOL

Gil Alessi

Do UOL, em São Paulo

19/06/2013 10h47

Moradores do Othon Palace Hotel --prédio ocupado por cerca de 50 sem-teto em frente à Prefeitura de São Paulo, no centro da capital-- ficaram revoltados com os ataques dos manifestantes ao local. "Nós também somos movimento popular, por moradia. Não faz sentido eles atacarem nossa ocupação", afirmou o morador Antonio Francisco Filho, 50.

Na noite de terça-feira (18), o sexto protesto contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo foi marcado por saques a lojas, destruição e depredação do edifício Matarazzo, sede da prefeitura. Durante o protesto, várias janelas do piso térreo do Othon foram quebradas com pedras. "Nessa hora, nós, moradores, fomos para a rua confrontar os vândalos. E houve pancadaria", diz Filho.

Além da ação dos manifestantes, o lobby do hotel foi tomado por fumaça após um grupo que protestava colocar fogo numa agência do Itaú, vizinha à ocupação. "As paredes que nos separam do banco são de gesso. Imagine o pânico aqui dentro quando encheu de fumaça e começaram a quebrar os vidros", diz Karina Queiróz, 35, que mora com cinco crianças no local.

Lojas são saqueadas e bancos destruídos no centro de SP

"Já estamos sem dormir há três dias na expectativa da reintegração de posse do prédio, porque você sabe como a Tropa de Choque faz nessas horas, não querem nem saber se tem criança. E com o corre-corre de ontem, meus filhos só foram dormir depois que o dia nasceu."

De acordo com Queiróz, depois que os vidros foram quebrados, moradores alargaram os buracos para que a fumaça saísse.

Polícia demora para entrar em ação

Cerca de 50 mil pessoas participaram da sexta manifestação nessa terça-feira, segundo o instituto Datafolha. os participantes da passeata começaram a se aglomerar na praça da Sé por volta de 17h. Pouco antes de 18h, saíram em passeata rumo à prefeitura, na junção da praça do Patriarca com o viaduto do Chá.

Os primeiros atos de vandalismo começaram por volta de 18h30, com pequenos grupos atirando pedras e morteiros nos portões e janelas da prefeitura, além de fazer pichações na parede do prédio, mesmo diante do repúdio da maioria dos presentes, que apelavam com gritos "sem vandalismo" e "sem violência".

Demorou cerca de três horas entre o início da ação dos vândalos, perto das 18h30, e a chegada dos primeiros carros da Força Tática ao local, por volta de 21h30, quando lojas já estavam saqueadas e danificadas, e as vidraças laterais e frontais da prefeitura, destruídas.

De acordo com a polícia, ao menos 59 foram presos por saques, no centro, e por atos de vandalismo na região da rua Augusta, para onde parte dos manifestantes se dispersou.

Demora na reação evitou confronto, diz PM

A Secretaria de Estado da Segurança Pública disse que a polícia demorou a agir na tentativa de invasão da prefeitura para evitar confrontos que pudessem ferir manifestantes que não tinham relação com a depredação.

O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Fernando Grella Vieira, disse em entrevista ao programa "Bom Dia SP", da Rede Globo, que a polícia agiu de maneira correta durante o sexto ato contra a tarifas do transporte público na capital. "A Polícia estava presente durante toda a manifestação. Temos a obrigação de garantir a ordem e o direito do povo se manifestar, o que foi feito", disse Grella.

Em nota divulgada ontem, a SSP informou que "os poucos episódios de depredação registrados" no centro da cidade foram "fatos isolados, provocados por uma pequena minoria. Os responsáveis estão sendo monitorados e serão investigados."

O Movimento Passe Livre marcou para a próxima quinta-feira (20) a sétima manifestação: será às 17h, na Praça do Ciclista, na Paulista.

OS PROTESTOS EM IMAGENS (Clique na foto para ampliar)

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