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Cerca de 10 mil pessoas acompanham discurso do papa do lado de fora da catedral do Rio

Peregrinos argentinos lotam a Catedral Metropolitana, local onde o papa Francisco teve um encontro com seus conterrâneos - Reprodução
Peregrinos argentinos lotam a Catedral Metropolitana, local onde o papa Francisco teve um encontro com seus conterrâneos Imagem: Reprodução

Rodrigo Bertolotto

Do UOL, no Rio

25/07/2013 14h50

Cerca de 10 mil pessoas que não conseguiram entrar na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro, no centro da cidade, na tarde desta quinta-feira (25), onde houve um encontro do papa Francisco com peregrinos e sacerdotes argentinos, acompanharam a cerimônia pelo serviço de som instalado do lado de fora da igreja.

A chuva não deu trégua, e a multidão ficou em silêncio durante a fala do pontífice, interrompida em alguns momentos pelo som dos helicópteros. Na saída do evento, o papa andou cerca de 20 metros e acenou para o grupo, em sua maioria peregrinos, que se dispersaram logo depois que o pontífice deixou o local.

Organizado às pressas a pedido do próprio pontífice, que queria se reunir em privado com compatriotas, o evento durou pouco mais de 30 minutos e foi realizado após a visita do papa Francisco à favela de Varginha, na zona norte do Rio.

O plano inicialmente divulgado era de que o papa faria uma missa. No entanto, Francisco se restringiu a um discurso de improviso.

Cerca de 5.000 peregrinos e prelados argentinos participaram do encontro dentro da catedral. Os fiéis foram identificados por crachás, em que constavam nome, nacionalidade e endereço de hospedagem. A entrada foi feita por ordem de chegada.

Discurso

O papa Francisco afirmou em seu discurso que a Igreja Católica precisa sair às ruas para que não se torne uma ONG (Organização Não Governamental).

"Eu quero agito nas dioceses, que vocês saiam às ruas. Eu quero que a Igreja vá para as ruas, eu quero que nós nos defendamos de toda acomodação, imobilidade, clericalismo. Se a Igreja não sai às ruas, se converte em uma ONG. A igreja não pode ser uma ONG", disse Francisco, em espanhol. "Eu peço desculpas aos bispos e aos padres se isso pode gerar uma confusãozinha para vocês também", afirmou na sequência.

Visivelmente mais descontraído do que em discursos anteriores, feitos em português, o pontífice disse que jovens e idosos estão excluídos da sociedade. "Acho que nesse momento a civilização mundial na verdade exagerou porque o culto ao deus dinheiro é tão grande que estamos em uma práxis de exclusão de dois polos da vida. Idosos e jovens. Saibam que nesse momento, vocês, os jovens e os idosos, estão condenados ao mesmo destino: o de exclusão. Não se deixem excluir."

Na sequência, Francisco disse que os idosos vivem uma "eutanásia cultural" porque a sociedade "não os deixa falar". "Os jovens tem que sair a lutar pelos valores. E os velhos têm que abrir a boca e nos transmitir as sabedorias dos povos." Sobre os jovens, o pontífice afirmou que a exclusão se dá também pelo desemprego. "É uma geração que não tem a dignidade do trabalho."

No final, Francisco discorreu sobre questões religiosas. "A fé em Jesus Cristo não é brincadeira. É uma coisa muito séria. É um escândalo que Deus tenha vindo se tornar um de nós e tenha morrido numa cruz. (...) Por favor, não liquidem a fé em Jesus Cristo. Essa fé não pode ser diluída, liquidificada. É a fé em Jesus, no filho de Deus feito homem."