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Ibama do Piauí investiga incêndio que causou apagão no Nordeste

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

29/08/2013 19h39

Técnicos do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) do Piauí estão investigando as possíveis causas do incêndio ocorrido nas terras da Fazenda Santa Clara, zona rural do município de Canto do Buriti (a 393 km de Teresina), na tarde desta quarta-feira (29), e que foi o causador do apagão que atingiu oito Estados do Nordeste.

Vídeo mostra incêndio no PIauí

Caso as queimadas não tenham ocorrido de forma natural –como são de costume nesta época do ano no interior do Piauí devido ao calor e à seca da vegetação– o Ibama informou que vai multar o responsável.

“Sabemos que agricultores colocam fogo no mato para depois plantar. Muitas vezes, eles perdem o controle e as chamas acabam se dissipando e atingindo uma área maior do que a estimada. Estamos investigando a causa do incêndio em Canto do Buriti para, se houver responsável, tomarmos as providências cabíveis”, disse o superintendente do Ibama no Piauí, Manoel Borges de Castro.

Os técnicos do Ibama estão elaborando um laudo que vai apontar as proporções e a origem do fogo que atingiu uma área próxima às linhas de transmissão de energia. O resultado deve sair entre 15 e 30 dias.

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O Ministério de Minas e Energia afirmou que foram as queimadas as responsáveis pelo apagão. Em nota, o ministério afirmou que os focos de queimadas entre as torres de números 412 e 416 pertencentes a duas linhas de transmissão que interligam as subestações Ribeiro Gonçalves e São João do Piauí, no interior do Estado, que acabaram desligando o sistema automaticamente.

Segundo o Ibama, o incêndio não foi registrado pelo satélite da NOAA (National Oceanic Atmospheric Administration). “As queimadas foram de pequenas proporções e sequer a fumaça delas foi registrada pelo satélite da NOAA”, afirmou Castro, destacando que o Ibama não está investigando as causas do apagão, mas apenas as causas do incêndio e a área que foi atingida pelas chamas.

O superintendente disse que é comum ocorrerem queimadas na região do interior do Piauí entre os meses de julho e dezembro, por isso, o Ibama disponibiliza em locais estratégicos equipes de brigadistas treinados para conter queimadas e acabar logo com os focos de incêndio.

“Assim que o fogo começou nossas equipes de brigadistas foram acionadas. Ficamos de vigília neste período porque aquela região de Canto do Buriti é uma área de chapadões, que esquentam muito de julho a dezembro, podendo ocorrer queimadas na vegetação devido ao clima quente e seco”, disse Castro.

O incêndio foi iniciado por volta das 15h dessa quarta-feira (28), mas foi controlado apenas às 2h desta quinta-feira (29). Uma equipe de 18 brigadistas do instituto trabalhou para conter as chamas.

Hoje também foi divulgado um vídeo do local da queimada que causou o apagão. O Ibama confirma que trata-se da Fazenda Santa Clara, mas que as imagens não foram feitas pelo órgão.

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Histórico dos apagões

No ano passado, em 22 de setembro, um apagão atingiu oito dos nove Estados do Nordeste. A causa foi um incêndio na subestação de Imperatriz (MA).

No dia 2 de outubro, outro apagão deixou cinco Estados das regiões Sudeste e Centro-Oeste no escuro. A falha teria ocorrido em um dos transformadores de aterramento de uma subestação da usina hidrelétrica de Furnas, em Minas Gerais.

Em 26 de outubro novo blecaute, desta vez atingindo onze Estados das regiões Norte e Nordeste do país. A causa do apagão foi novamente um incêndio em equipamento entre as subestações de Colinas (TO) e Imperatriz (MA).

No dia 15 de dezembro, uma falha na usina hidrelétrica Itumbiara, localizada na divisa de Goiás com Minas Gerais, foi responsável por um apagão que atingiu 15 Estados e deixou cerca de 3,5 milhões de pessoas sem energia. A hidrelétrica é de propriedade da Eletrobras Furnas.

O problema teria sido provocado por um raio que atingiu a linha de transmissão, automaticamente desligada pelos disjuntores da subestação. Algumas das turbinas da usina teriam parado de funcionar, e o sistema de segurança desligou os geradores, cortando o fornecimento de energia.

Levantamento feito pela Empresa de Pesquisa Energética em novembro do ano passado apontou que o setor elétrico teria de investir R$ 268,8 bilhões até 2021 para evitar o risco de apagões. Para atender à demanda futura, o país precisaria gastar cerca de R$ 213 bilhões na construção de 65,4 mil MW em usinas (algo como seis hidrelétricas de Belo Monte). Além disso, o país vai precisar aplicar R$ 55,8 bilhões na construção de 47,7 mil quilômetros de linhas de transmissão no território nacional --o mesmo que instalar oito linhões de transmissão de energia ligando o Oiapoque (AP) ao Chuí (RS). (Com reportagem de Gil Alessi, informações da Agência Brasil e Reuters)