Motorista de caminhão diz que não percebeu que tinha causado acidente no Rio

O motorista Luiz Fernando Costa, que derrubou uma passarela com seu caminhão e matou cinco pessoas na linha Amarela, no Rio de Janeiro, disse ao Fantástico, da rede Globo, que não sabia que estava com a caçamba levantada e, por isso, não percebeu que ele tinha provocado o acidente.

“Quando bati, veio um motorista, acho que empresa de ônibus. Ele falou comigo: 'Olha lá o que você fez. Olha o que você fez.' Eu falei: 'Cara, o que que eu fiz?' Até então, eu não sabia. Pra mim tinha sido uma pancada na minha traseira com um doido, um outro caminhão, alguma outra coisa, Eu não sabia nunca que a caçamba estava levantada. Nunca. Nunca queria destruir, queria destruir uma família. Nunca', conta ao programa.

Luiz Fernando cometeu várias irregularidades ao dirigir na linha que liga as zonas Norte e Oeste da cidade. Ele não poderia estar na via expressa às 9h, estava acima da velocidade permitida, sem cinto de segurança e ao celular. 

Investigações

 As investigações apontam, segundo delegado da 44ª DP (Inhaúma), Fábio Asty, para um problema mecânico que teria causado o levantamento da caçamba que se chocou contra a passarela. 

"Tudo indica que foi mesmo um problema mecânico involuntário", afirmou Asty, que aguarda uma perícia técnica --que deverá ficar pronta até o final da próxima semana-- para a confirmação da sua suposição.

O delegado interrogou o chefe mecânico da empresa Arcos da Aliança, dona do caminhão --ele não teve o nome divulgado. O funcionário confirmou que o acionamento voluntário do levantamento da caçamba com o caminhão em movimento causaria uma grande pane no veículo.

"Segundo o mecânico, seria como estar em movimento a 120 km/h e engatar a marcha ré. Ocasionaria uma pane no sistema de engrenagens do caminhão", disse o delegado.

Após os depoimentos, surgiu a primeira contradição da investigação. O motorista havia afirmado que o veículo passou por um conserto recente na caixa de marchas --que poderia ter levado ao acionamento involuntário da caçamba. Mas o chefe de mecânica da empresa nega qualquer reparo na estrutura.

"O caminhão foi levado para a oficina para a instalação de uma caixa protetora da caixa de marcha, um cárter, que havia sido danificado. Mas a instalação desta proteção não afeta o funcionamento da caixa de marchas", afirmou o advogado da Arcos da Aliança, Aquiles Paiva.