Topo

ONS diz que raio pode ter provocado apagão; relatório sairá em até 15 dias

Do UOL, em São Paulo*

06/02/2014 18h55Atualizada em 06/02/2014 20h34

O diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, disse nesta quinta-feira (6) que as causas do curto-circuito que provocou o corte de energia e afetou 6 milhões de pessoas nas regiões Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste do país na terça-feira (4) ainda são investigadas, mas que não está descartado que a falha tenha sido provocada por um raio que tenha atingido uma das linhas afetadas, no Estado do Tocantins.

“Uma das hipóteses é descarga elétrica", disse Chipp. “Os técnicos estão fazendo uma releitura dos equipamentos, se houve dano ao isolador, verificam porque o raio provocou o curto e se foi um raio”, afirmou Chipp, ressaltando que, normalmente, os técnicos não apontam a causa sem uma avaliação mais precisa.

Representantes do ONS, da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), do MME (Ministério de Minas e Energia) e das empresas envolvidas na ocorrência (FIP Brasil, Cemig, e Eletronorte) participaram de uma reunião na tarde desta quinta, e um relatório sobre o apagão deverá ser divulgado dentro de dez a 15 dias.

De acordo com Chipp, somente com a análise técnica, que começou hoje, é que poderão ser identificados os motivos, e os técnicos precisam de tempo para fazer a avaliação. "Quando cai um avião, esperam-se dois anos para descobrir o que houve com a caixa-preta. É mais ou menos parecido, só que a gente nunca demora mais de um mês", disse ele, que voltou a negar a possibilidade de falha humana ou mecânica. "Falha humana está descartada", frisou.

O diretor acrescentou ainda que serão verificadas todas as medidas e providências que devem ser tomadas para evitar que o problema volte a ocorrer. "Só se conclui o relatório quando ele é enviado para a agência, que tem o poder de fiscalizar tudo."

O curto-circuito da terça-feira aconteceu três minutos depois de o Sul do país atingir o recorde de demanda por energia elétrica. Para especialistas, o curto espaço de tempo entre os dois episódios indica que os eventos têm relação, mas o ONS nega. Ontem (5), o país voltou a atingir o pico de demanda por eletricidade, o que órgão atribui às altas temperaturas registradas em todo o país.

Dilma X raios

Hoje, a presidente Dilma Rousseff reafirmou declaração dada em 27 de dezembro de 2012 e voltou a dizer que o sistema elétrico brasileiro deve ser a prova de descargas elétricas, visto que é "um dos países com maior quantidade de raios do mundo".

"O sistema elétrico brasileiro foi montado para ser à prova de descargas elétricas, com a proteção de uma gigantesca rede de para-raios. Se raios foram realmente responsáveis pela queda no fornecimento de energia na terça-feira, cabe ao ONS apurar se os operadores estão mantendo adequadamente a sua rede de para-raios", afirmou Dilma, segundo o Palácio do Planalto.

Em 2012, Dilma se irritou com declarações de técnicos do ONS e do Ministério de Minas e Energia de que raios teriam provocado apagaões no país. "No dia em que falarem para vocês que caiu um raio, vocês gargalhem. Cai raio todo dia nesse país. Raio não pode desligar o sistema, se desligou, é falha humana", disse na ocasião.

No ano passado, o governo atribuiu a queimadas no Piauí as causas do apagão que atingiu todos os Estados da região Nordeste, em agosto.

*Com informações da Reuters e da Agência Brasil