Após acordo e demissão de garis, ruas do centro do Rio seguem sem limpeza
Pelo quarto dia consecutivo, as ruas do centro do Rio de Janeiro amanheceram nesta terça-feira (4) de Carnaval cobertas de lixo, devido à greve deflagrada na madrugada do último sábado por um grupo de garis da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana). Até as 11h, não havia sinal de garis realizando a limpeza das principais vias do centro da cidade, como as avenidas Rio Branco, Presidente Vargas, Chile, Almirante Barroso, além do Largo da Carioca, do bairro boêmio da Lapa, e das Praças 15 e Tiradentes.
Estes locais concentram grande parte do Carnaval de rua da região. Os banheiros químicos instalados nesses locais para atender os foliões também estavam sem manutenção.
A paralisação continua, apesar do acordo anunciado na segunda-feira (3) entre a estatal e o Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio, para pôr fim ao movimento. Nesta manhã, a Comlurb anunciou que vai demitir os cerca de 300 garis que não compareceram ao trabalho para o turno das 19h desta segunda-feira.
A demissão está prevista na cláusula 65 do acordo firmado entre a Comlurb e o sindicato da categoria. Quem retornou ao trabalho terá os dias parados abonados, segundo a companhia, que possui cerca de 15 mil garis.
Pelo acordo coletivo anunciado ontem, os garis terão 9% de aumento salarial (o piso passará para R$ 874,79), mais 40% de adicional de insalubridade. Segundo a Comlurb, com isso, o vencimento inicial passará a ser de R$ 1.224,70. Além do aumento salarial, o acordo garantiu mais 1,68% dentro do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, com progressão horizontal. "É importante lembrar que, nos últimos cinco anos, os garis tiveram 50% de ganho real em seus salários. Em termos absolutos, o ganho foi de 85%, o dobro dos 43% do salário mínimo nacional nesse mesmo período", informa o comunicado da empresa de limpeza divulgado nesta manhã.
Os grevistas, no entanto, reivindicam piso salarial de R$ 1.200, além do adicional de 40%. "Nosso trabalho é extremamente prejudicial para a saúde. Quando a gente se aposentar, os 40% de adicional não serão incorporados. Esse reajuste de 9% é o mesmo que a categoria havia rejeitado antes, mas dessa vez o sindicato aceitou", disse o gari Ivair Oliveira de Souza, um dos líderes do movimento grevista. "A prefeitura quer nos pagar o piso salarial do Estado do Rio. Não estamos mais numa ditadura. Numa democracia, o que deve prevalecer é a negociação", completou.
Souza afirmou ainda que até o momento desconhece qualquer caso de demissão. Segundo ele, o movimento de paralisação conta com cerca de 2 mil garis, e não apenas 300 como informou a Comlurb.
Em meio à negociação de melhorias salariais na semana passada com a Comlurb, o sindicato chegou a anunciar a greve para o primeiro minuto de sábado, mas voltou atrás. No entanto, um grupo de garis resolveu manter a paralisação. O sindicato, então, divulgou nota dizendo que os grevistas "não têm representatividade". No domingo, a pedido da companhia de limpeza, o plantão da Justiça do Trabalho declarou a paralisação ilegal e concedeu liminar determinando o imediato retorno dos garis ao trabalho.
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