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Comandante de Batalhão de PMs que arrastaram Cláudia Silva é exonerado

Quatro ônibus e um carro foram incendiados durante a manifestação promovida por cerca de 80 pessoas na Praça Seca - Arion Marinho/Agência O Globo
Quatro ônibus e um carro foram incendiados durante a manifestação promovida por cerca de 80 pessoas na Praça Seca Imagem: Arion Marinho/Agência O Globo

Do UOL, no Rio

27/03/2014 09h52Atualizada em 27/03/2014 14h59

Após um protesto violento na noite de quarta-feira (26) devido à morte de um morador da comunidade São José Operário, na Praça Seca, na zona oeste do Rio de Janeiro, durante operação da Polícia Militar, o comandante do 9º Batalhão (Rocha Miranda), Wagner Moretzsohn, foi exonerado da função. Ele deixa a gestão após três meses.

O batalhão é o mesmo dos PMs que realizaram a operação que terminou com a morte de Cláudia Silva Ferreira, que teve o corpo arrastado por um carro da polícia que a socorria depois de ter sido baleada no Morro da Congonha, na zona norte do Rio de Janeiro, no dia 16.
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De acordo com a Polícia Miltiar, quem assume o posto é comandante Luís Otávio, que chefiava o Batalhão de São Cristóvão. "A mudança foi uma decisão do comando da PM e é uma rotina da corporação", diz a nota divulgada pela polícia.

No início da noite de ontem, quatro ônibus e um carro foram incendiados durante um protesto na rua Cândido Benício, na altura da rua Capitão Menezes. De acordo com a PM, José Mário Trindade, 20, foi preso em casa por policiais do batalhão de Rocha Miranda.  Ele estaria com drogas e uma pistola automática em casa e passou mal ao ser preso, sofrendo um infarto.

José Mário ainda chegou a ser socorrido, mas morreu ao chegar ao Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, para onde foi levado às pressas. Segundo moradores, a vítima morreu em consequência de espancamento por parte dos policiais militares autores da prisão.

Parte das linhas de ônibus não circulou na Praça Seca na manhã desta quinta-feira (27), prejudicando os passageiros. Muitas empresas mudaram o itinerário com medo das ações de vandalismo.

Violência histórica

O 9º BPM tem um conhecido histórico de violência, no qual se destaca a participação de policiais do Batalhão na Chacina de Vigário Geral. Em agosto de 1993, cerca de 30 homens encapuzados mataram 21 moradores da comunidade em cerca de uma hora.

Segundo afirmou à revista "Veja" o responsável pelas investigações, tenente-coronel Valmir Brum, em matéria publicada à época do crime, os policiais responsáveis pela chacina estavam vinculados ao grupo de extermínio "Cavalos Corredores". "Formado por policiais do 9º Batalhão, foi batizado com esse nome exótico pelo hábito de entrar nas favelas correndo e atirando", disse.

Além de Vigário Geral, eles também seriam autores de outra chacina, em 1990, quando 11 meninos teriam sido sequestrados e mortos no bairro de Acari.

Nos últimos anos, o batalhão de Rocha Miranda voltou a ser notícia. Em 2010, teve seu comando trocado por conta das investigações da morte de um menino de 11 anos -- embora a bala não tenha sido reconhecida como tendo partido da polícia.

A criança foi atingida dentro da escola, durante um tiroteio entre policiais e bandidos. À época, a PM informou que um dos objetivos da mudança de comando era garantir total isenção e rigor na apuração dos motivos da operação e do procedimento adotado.

Já em 2014, em fevereiro, quatro outros policiais lotados no 9º Batalhão da PM foram afastados e autuados por espancarem um jovem de 17 anos que acabou morrendo. No mesmo mês, outro caso envolveu três policiais do mesmo batalhão. Eles foram indiciados sob acusação de homicídio doloso e fraude processual por matarem dois jovens após confundirem uma peça de motocicleta com um fuzil e ainda fazer um Boletim de Ocorrência – que depois foi dado como falso pelas investigações –  que dizia que os jovens haviam praticado roubo e estavam reagindo com tiros. (Com BandNews e Agência Brasil)