Topo

Protesto em Niterói termina com 9 veículos queimados; não há feridos

Manifestantes incendiaram quatro ônibus neste sábado (19) em Niterói, na região metropolitana do Rio - José Pedro Monteiro/Agência O Dia/ Estadão Conteúdo
Manifestantes incendiaram quatro ônibus neste sábado (19) em Niterói, na região metropolitana do Rio Imagem: José Pedro Monteiro/Agência O Dia/ Estadão Conteúdo

Maria Luisa de Melo

Do UOL, no Rio

19/04/2014 17h13

Uma manifestação realizada por cerca de 30 moradores do bairro Caramujo, em Niterói, na região metropolitana do Rio, terminou na tarde deste sábado (19) com nove veículos incendiados, segundo informações do Corpo de Bombeiros do Rio.

Quatro ônibus, três carros, uma caminhonete e uma motocicleta foram queimados em protesto pela morte do jovem Anderson Luiz dos Santos Silva, 21, que foi atingido na cabeça quando ia para uma vigília de Páscoa com a família.

Ainda segundo informações do Corpo de Bombeiros, não há feridos na manifestação.

Os protestos começaram depois do sepultamento do eletricista, que ocorreu no Cemitério do Maruí, no bairro do Barreto, em Niterói. Após a despedida, moradores da comunidade do Caramujo interditaram a rodovia Amaral Peixoto (um dos acessos à Região dos Lagos), na altura da comunidade, e a alameda São Boaventura, umas das principais vias de Niterói. Foram feitas barricadas e os protestos se espalharam por ruas próximas.

Os manifestantes acusam policiais militares do 12° BPM (Niterói) de terem matado o rapaz durante uma troca de tiros com traficantes da região. As armas dos PMs envolvidos no tiroteio foram apreendidas para a realização de perícia.

Policiais do DPO (Destacamento de Policiamento Ostensivo) do Caramujo, por sua vez, dizem que foram alvo de traficantes da região depois de um patrulhamento de rotina.

Segundo os agentes, os PMs receberam denúncia da presença de traficantes armados em um baile funk e se dirigiram até a comunidade para acabar com o baile. A ação teria revoltado os bandidos que revidaram com um ataque, deixando os PMs encurralados em um blindado durante cerca de 20 minutos.

Anderson não foi o único baleado na troca de tiros de sexta-feira. A irmã dele, de 9 anos, também foi baleada e levada para o Hospital Estadual Alberto Torres, em São Gonçalo. Ele permanece internada em observação e o caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo.

Outro caso

Na manhã de hoje, uma nova operação terminou com a morte de outro jovem. Desta vez, homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e do Batalhão de Choque fizeram incursão na comunidade Morro do Céu, no Caramujo. Um adolescente de 17 anos que estava de carona em uma moto morreu depois de a moto colidir com o blindado.

Em nota, a Arquidiocese de Niterói lamentou o a morte de Anderson e informou que o eletricista foi atingido ao tentar proteger parentes dos tiros.

"Anderson, que atuava na animação musical das celebrações, ia com sua mãe e sua irmã para a igreja, onde participariam da procissão penitencial. No trajeto que faziam de casa para a igreja, começou um tiroteio entre a polícia e membros da comunidade. O jovem, procurando defender sua mãe e sua irmã, foi atingido e morreu. Rezamos pelo consolo da família do Anderson, e manifestamos nossa solidariedade a todas as famílias que constantemente enfrentam situações de violência", diz a nota.

A manifestação deixou prejuízo na rede elétrica da Niterói, sobretudo no fim da alameda São Boaventura por conta de um incêndio em um ônibus. De acordo com a concessionária de energia elétrica Ampla, os técnicos ainda não conseguiram acessar o local por questões de segurança e o prejuízo com a danificação da rede ainda não foi contabilizado.