Greve de ônibus surpreende moradores e provoca caos em Florianópolis (SC)
Motoristas e cobradores de ônibus entraram em greve sem aviso prévio às 8h desta quinta-feira (8), em Florianópolis, deixando cerca de 400 mil pessoas sem transporte público e causando caos no trânsito no horário de pico da manhã.
Usuários furiosos bloquearam a avenida Paulo Fontes, na frente do Ticen (terminal central da Ilha), dando um nó no tráfego na cidade. Um carro Gol prata que tentava fugir do bloqueio pela contramão atropelou uma moradora de rua, causando ferimentos leves nela. O motorista foi preso.
Os trabalhadores usaram uma tática que lhes rendeu sucesso em greves anteriores, que é abandonar os ônibus vazios nos terminais e ruas próximas. Eles querem reajuste salarial e garantia de emprego para 300 cobradores ameaçados de demissão por um novo sistema de catracas.
O Ticen é o epicentro do movimento. Os ônibus que chegaram ao amanhecer dos bairros insulares e do continente foram abandonados pelos motoristas. As pessoas que buscavam linhas de integração ficaram sem transporte. O efeito cascata paralisou os terminais de bairro.
Os telefones da prefeitura e do Setuf (sindicato das empresas) ficaram congestionados. A Polícia Militar reforçou o policiamento do Ticen. Estudantes do bairro universitário da Trindade estão em grandes grupos nas avenidas radiais pedindo carona.
Segundo Deonísio Ceolin, do Sintraturb (sindicato dos trabalhadores), a paralisação é por tempo indeterminado, para pressionar o patronato enquanto a diretoria do sindicato negocia o reajuste anual da categoria.
Ricardo Freitas, negociador do Sintraturb, disse que uma das exigências da greve é a garantia de emprego para 300 cobradores, ameaçados pela adoção de um novo sistema de concessão de transporte público, no qual catracas inteligentes dispensam cobradores.
Valdir Gomes, do Setuf, disse que o novo sistema é vantajoso para o usuário porque reduzirá a tarifa em 15 centavos (hoje está em R$ 2,70). Ele disse que os cobradores serão beneficiados se aderirem a um programa de demissão incentivada, afirmando que não haverá demissões forçadas. O dirigente patronal disse que, caso alguma empresa demita algum cobrador sem justa causa, ele poderá reclamar na prefeitura.
Mas o Sintraturb não aceita esta fórmula: "É irreal fragilizar as relações de trabalho, obrigando que uma pessoa vá a um guichê da prefeitura queixar-se da perda do emprego", disse Freitas.
Servidores públicos param pelo 2º dia
Ainda em Florianópolis, o funcionalismo público municipal entrou no segundo dia de greve.
Segundo o prefeito César Souza Júnior, subiu para 70% o número de grevistas. Estão paradas 70 de 122 escolas e creches, deixando 25 mil crianças sem atendimento.
O prefeito disse que a situação mais grave é no setor saúde, citando que oito unidades que deveriam dispensar medicamentos de uso contínuo também aderiram à paralisação. A vacinação contra gripe foi suspensa na maioria dos postos.
Os grevistas querem reajuste salarial de 8%. A prefeitura oferece 6% em três parcelas. Um ponto que impede o avanço das negociações é que os 3.500 professores, vanguarda do movimento, exigem a adoção imediata do Piso Nacional do Magistério.
O secretário de Administração, Gustavo Miroski, e a presidente do sindicato dos municipiários, Rosangela Soldatelli, retomaram as negociações, que tinham sido interrompidas na terça-feira (6), rompimento que levou à greve.
Os grevistas marcaram um ato de protesto para a tarde desta quinta-feira na praça Tancredo Neves.
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