Motorista alerta em cartaz que ônibus está sem freio e é demitido em SP
Um motorista do transporte coletivo de Jaguariúna (a 125 km de São Paulo) vai recorrer à Justiça para ser readmitido após ter sido desligado da empresa por justa causa ao colar um cartaz no vidro do ônibus que ele dirigia alertando que o veículo estava sem freio.
A demissão aconteceu na semana passada e, segundo ele, o desligamento por justa causa ocorreu porque sua atitude teria manchado a imagem da empresa.
O Grupo Metrópolis de Transporte confirmou o problema no freio, mas informou que o desligamento aconteceu porque o motorista descumpriu uma ordem.
O motorista Antonio Rodrigues da Rocha, 43, vai rebater a decisão na Justiça alegando que sua intenção era só alertar para não colocar vidas em risco.
De acordo com o condutor, foram três meses alertando a empresa sobre o problema no freio. “Eu avisava. Eles levavam o carro para a garagem, apenas calibravam o freio e colocavam para rodar de novo. Em questão de dias, o problema voltava”, relatou o ex-funcionário. “Foram várias vezes.” O ônibus de número 1952 fazia a linha DPE-9611(Rodoviária-Varejão).
Ainda segundo Rocha, um dia antes de colocar o papel com o aviso no vidro do ônibus, ele informou ao motorista do outro turno, que usava o mesmo ônibus, que a situação tinha piorado e que ele precisaria circular bem devagar e com bastante cuidado.
Até que, no dia 12 de junho, após constatar que o problema continuava, ele decidiu colocar o alerta no vidro. Entretanto, no trajeto de volta, o ônibus foi interceptado por funcionários da própria empresa, que retiraram os passageiros e levaram o ônibus com problema para o pátio.
“Quando cheguei ao pátio, fui informado sobre a demissão por justa causa. Mas eu não coloquei o aviso para denegrir a empresa. Minha intenção era só tentar mais uma vez fazer com que alguma providência fosse tomada, já que o veículo seguiria para a garagem de qualquer forma”, relatou o motorista.
O advogado dele, Advaldo Carlos da Silva, informou que está preparando uma ação judicial para pedir a readmissão do funcionário. “Ele procedeu da maneira correta ao avisar a empresa sobre o problema e em nenhum momento quis expor a empresa”, disse.
Segundo Silva, um encarregado da empresa já estaria planejando sua demissão e já havia falado que só o faria se fosse por “justa causa”. "Foi a desculpa que ele arrumou para demitir”, afirmou o defensor.
A empresa confirmou a demissão do motorista, mas negou que a mesma tenha ocorrido apenas por causa do aviso. “A demissão por justa causa ocorreu porque Rocha teria descumprido a ordem de não rodar com o ônibus com problema. Ele jamais poderia ter rodado com ônibus com problema. Ele foi orientado a aguardar com o ônibus parado, até que o socorro chegasse”, disse o advogado Daniel Rolfsen. “Mas ele decidiu desrespeitar essa ordem. Ele assumiu o risco de colocar em perigo a vida dos passageiros ou até poderia ter atropelado uma pessoa.”
Ainda segundo Rolfsen, os veículos da empresa têm em média dois a três anos, e a informação de que o ônibus estaria com problema nos freios havia três meses é “mentira do funcionário”. “Todos os motoristas são orientados a formalizar o problema em um boletim por escrito. E ele não fez isso”, afirmou.
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